Brasília - Seguindo a linha discricionária adotada pela Caixa Econômica Federal, a diretoria da empresa informou nesta terça-feira (28), via mídia, que irá encerrar as atividades de 120 unidades do banco. Segundo afirmou o presidente da instituição, Gilberto Occhi, isso ocorrerá ainda este ano, logo após encerrar o processo de demissão voluntária (PDVE), iniciado em fevereiro.

“É recorrente a forma arbitrária e ditatorial com que a Caixa vem agindo nos últimos tempos. Na última negociação com os representantes dos empregados, questionada sobre o assunto, a diretoria do banco afirmou que não havia previsão para o fechamento de agências. Admitiu apenas que estava estudando tal possibilidade e desenvolvendo esforços para recuperar as agências deficitárias”, lembrou o secretário de Finanças do Sindicato, Wandeir Severo, que é membro da Comissão Executiva dos Empregados, que negocia com o banco. 

Ainda na contramão do que vem sendo negociado com os representantes dos empregados, o vice-presidente de Gestão de Pessoas, Marcos Jacinto, disse que a Caixa está recorrendo na Justiça contra a convocação de 2 mil aprovados em concursos públicos.

“O Sindicato continuará na luta para que esses concursados sejam contratados. O corpo funcional do banco já está desfalcado. Isso só irá piorar por conta do PDVE, que desligará cerca de cinco mil empregados”, afirmou.

Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o banco encerrou 2016 com 94.978 empregados. Em 12 meses, foram fechados 2.480 postos de trabalho. Em contrapartida, no mesmo período, o número de clientes aumentou em 4,1 milhões (+ 5%), totalizando 87,1 milhões.

Lucro do banco

Também no dia 28, a Caixa anunciou ter registrado um lucro líquido de R$ 4,1 bilhões em 2016, sendo R$ 691 milhões no quarto trimestre, com destaque para o crescimento de 271,7% no resultado operacional. Esse excelente desempenho decorreu da elevação da margem financeira proporcionada pelos bons resultados das receitas com operações de crédito, Títulos e Valores Mobiliários (TVM) e prestação de serviços.

Para Wandeir, a opinião da diretoria da Caixa de valorizar apenas o lucro vai de encontro à missão da empresa, que é 100% pública e nasceu para estar a serviço da população. O Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do país, repassou R$ 27,4 bilhões em benefícios no período, alcançando milhões de pessoas. O Programa Minha Casa Minha Vida, em 2016, desembolsou R$ 41, 4 bilhões.

“Mesmo com o lucro líquido abaixo do esperado, está claro que a Caixa é altamente sustentável. O que falta, neste momento, é uma quantidade de empregados que suporte o volume de trabalho e de negócios”, ressaltou.

Carteira de crédito

Ao final de 2016, a carteira de crédito ampliada da Caixa cresceu 4,4%, com saldo de R$ 709,3 bilhões. A carteira de crédito imobiliário cresceu 5,6% e totalizou R$ 406,1 bilhões. Nesse item, a Caixa mantém a liderança no Sistema Financeiro Nacional com 67% de participação no mercado. O saldo das operações de infraestrutura aumentou 10,8% e alcançou R$ 78,6 bilhões.

A carteira de crédito Pessoa Física totalizou R$ 497,5 bilhões (+ 4,2% sobre 2015). A carteira Pessoa Jurídica permaneceu estável no período e totalizou R$ 185,4 bilhões. O índice de inadimplência de 2,88% é o menor do mercado.

Fonte: SEEB/Brasília - Da Redação, com informações do Dieese