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19 de Junho de 2020 às 17:35

Brasil tem mais de um milhão de pessoas contaminadas por Covid-19

Segundo levantamento do consórcio de imprensa, criado depois que governo tentou maquiar números, são 1.009.699 de casos confirmados e mais de 48 mil vidas perdidas na pandemia do coronavírus


CUT Nacional

O Brasil atingiu, na tarde desta sexta-feira (19), a trágica marca de 1.009.699 casos confirmados de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. O total de pessoas mortas pela doença chegou a 48.422 (553 nas últimas 14 horas).

O Estado de São Paulo, epicentro da pandemia no país, registrou 211.658 pessoas contaminadas e 12.232 mortas em consequência da Covid-19; o Ceará, segundo estado com mais casos contabiliza 89.485 confirmados, e 5.402 mortes. Já o Rio de Janeiro, que não havia divulgou dados até o início da tarde, é o terceiro estado com mais casos confirmados (87.317) e pelo menos 8.412 pessoas mortas.

Esses dados são de levantamento feito pelo consórcio de imprensa junto as  secretarias estaduais de saúde de todo o país. O consórcio reúne o UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, G1 e Extra e se formou depois que o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) começou a ocultar os dados e divulgar apenas os números de casos e mortes registrados no dia, sem o acumulado. O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o Ministério da Saúde divulgasse todos os dados e isso passou a ser feito novamente, mas o consórcio manteve o levantamento paralelo, que é divulgado mais cedo.

Bolsonaro ignora crise sanitária e drama dos brasileiros

O presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) ainda não priorizou o enfrentamento ao novo coronavírus, apesar de mais de um milhão de brasileiros terem de contaminado e o número de pessoas mortas se aproximar de um milhão.

Ele começou fazendo pouco caso e ironia, dizendo que a doença não passava de uma "gripezinha". Depois passou pelo "o que eu posso fazer?" e “e daí?’ chegando ao “não sou coveiro” ao ser questionado por jornalistas sobre o número cada vez maior de casos confirmados e mortes.

No início, Bolsonaro seguia a estratégia do presidente norte-americano, Donaldo Trump, de negar o potencial do novo coronavírus e receitar cloroquina para pacientes. Com o número de casos explodindo, Trump recuou e passou a aceitar as restrições impostas pelos governadores como a única maneira de conter a expansão do vírus sem contestar. Enquanto Bolsonaro foi para o enfrentamento com governadores brasileiros que decretaram isolamento social rígido.

Mesmo com Trump indo em outra direção, Bolsonaro continuou seu negacionismo, afirmando que o vírus é superdimensionado, que o país não podia “entrar numa neurose”, que a economia não podia parar e as pessoas tinham de voltar a trabalhar. Para ele, só deveria ficar em casa os idosos e as pessoas doentes, que são os grupos de risco da doença.

As orientações e exigências de Bolsonaro, tanto sobre o isolamento quanto sobre a indicação da cloroquina, derrubaram dois ministros da Saúde em plena pandemia. O primeiro a sair foi Luiz Henrique Mandetta. Seu substituto, Nélson Teich ficou apenas 29 dias no cargo.

Ambos defenderam publicamente posições contrárias às do presidente. Além de afirmar que o distanciamento social deveria ser uma medida de combate à pandemia do novo coronavírus, Teich postou em uma rede social que o uso da cloroquina no tratamento contra a Covid-19 deveria ser feito com restrições, já que a substância pode desencadear efeitos colaterais.

Desde 15 de maio, o general Eduardo Pazuello, paraquedista do Exército, sem qualquer experiência na área, comanda interinamente o Ministério da Saúde. Em 4 dias ele havia nomeado pelo menos 9 militares do Exército para atuar na pasta. Nenhum deles com experiência na saúde ou no Sistema Único de Saúde (SUS).

Na gestão do general, o Ministério da Saúde passou a divulgar os dados sobre a doença às 19h, depois às 22h e, por fim, decidiu ocultar dados. No boletim do dia 6 de junho, o governo federal deixou de apresentar o número acumulado de mortes por Covid-19 desde o início da pandemia, informação que sumiu do site oficial sobre a doença. Voltou atrás por determinação do STF.

Os dados do governo

Após uma falha na plataforma online do Ministério da Saúde, que pode agravar ainda mais a subnotificação no país, o Brasil registrou pelo terceiro dia consecutivo mais de mil mortes por Covid-19. Foram 1.238 óbitos contabilizados de quarta-feira (17) para quinta-feira (18), elevando o total de vidas perdidas para 47.748. 

Já o número de casos confirmados da doença, divulgados ontem pelo Ministério da Saúde, saltou de 960.309 para 978.142 no mesmo período, com 22.795 novos registros. Apesar dos números, o Ministério da Saúde afirmou nesta quinta-feira (18) que há uma tendência de estabilização da curva no país.

Nesta quinta, as secretarias Estaduais de Saúde relataram dificuldades na hora de atualizar os dados sobre a pandemia na plataforma do Ministério da Saúde. A falha gera atraso no processamento de dados diários e agrava ainda mais a subnotificação. O que indica também que nos próximos dias haverá um grande aumento de casos e mortes quando o sistema for normalizado.

Na terça-feira (16), a pasta confirmou 34.918 casos e na quarta o número caiu para 32.188, já na quinta foi menor ainda, com apenas 22.675 novas confirmações. O que poderia levar a crer que a curva estaria diminuindo no Brasil, ou a quantidade de testes seria menor, porém, era um problema de sistema que não contabilizou todos os novos casos. 

Estados com mais doentes e outros com mais mortes 

O Nordeste é a região com mais diagnósticos da doença, com 347.633 pessoas infectadas pela Covid-19, enquanto o Sudeste é quem mais perdeu vidas (22.051). Juntos, os estados nordestinos somam mais diagnósticos do que França e Alemanha — que tem a marca de 341 mil, segundo a Organização Mundial da Saúde. 

Na Região Norte, o Pará foi o estado que mais registrou novos casos em 24 horas (3.449), a segunda maior alta em toda a pandemia. 

Na sequência está um estado nordestino, o Ceará (1.667), outro do Sudeste, Minas Gerais (1.559) e um do centro-oeste, o Distrito Federal (1.381). 

Região Norte 

Amazonas

Em Manaus o hospital de campanha montado para atender pacientes com Covid-19 chegou a 601 altas. O hospital de campanha agora tem 21 pacientes que devem receber alta nos próximos dias. Após o último, o local deve ser desativado.

A cidade também retomou os sepultamentos individuais depois que o número de enterros, que chegou a ultrapassar 100 por dia durante a pandemia, voltou a se estabilizar.

Região Centro-Oeste

No Centro-Oeste, região menos atingida pela pandemia até agora, a Covid-19 acelera. Em apenas sete dias, tanto o número de casos quanto o de mortes aumentaram 48%. No total, já são 53.931 pessoas contaminadas pela doença e 974 óbitos.

 Goiás registrou 853 casos de coronavírus nas últimas 24 horas, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES). Com os números desta quinta-feira (18), o total de casos chegou a 13.366. O estado tem 39.986 casos em investigação e 264 óbitos. A taxa de letalidade da doença é de 1,97%.

Região Sul

A região Sul passou nesta quinta-feira (18) das mil mortes registradas. Já são somam 1.034 brasileiros que perderam a vida.

No Rio Grande do Sul, a doença chegou em 363 cidades. O estado nesta quinta 19 mortes por coronavírus e total chega a 406, e casos ultrapassam 17,8 mil.

No Paraná, mesmo com o avanço da doença no estado, bares foram fechados em Curitiba e Região Metropolitana entre a noite de quinta (18) e a madrugada desta sexta-feira (19). Paraná tem 12 mil casos confirmados da doença e mais de 400 mortes.


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