Poder360
Mateus Netzel
O grupo de sites e blogs que cresceu em verbas e audiência durante os governos petistas sofreu uma queda brusca no faturamento de publicidade da União em 2016. Na comparação com 2015, 1 conjunto de 16 sites independentes de conglomerados de comunicação teve redução de 64% no valor recebido de órgãos federais –de R$ 11,1 milhões para R$ 4 milhões.
A queda foi muito superior à redução no valor total dos gastos federais (28%) ou à redução dos gastos com propaganda na internet (30%). Em 2015, ano em que também houve cortes na publicidade estatal, as verbas para a mídia alternativa cresceram 40,5%.
Mesmo enquanto Dilma ainda estava à frente do Planalto, os dados já indicavam uma redução forte nos recursos destinados à mídia alternativa. Os números até abril –último mês completo antes do afastamento da petista, em 12 de maio– indicavam 1 corte ainda maior. Em 4 meses (1/3 do ano), o governo Dilma desembolsou R$ 626 mil, só 15,9% do total gasto em 2016.
As informações são inéditas. Foram obtidos pelo Poder360 por meio da Lei de Acesso à Informação. Os dados sobre propaganda da União eram coletados e organizados pelo IAP (Instituto de Acompanhamento da Publicidade). O órgão paraestatal teve seu financiamento interrompido em março de 2016.
A parte mais significativa do corte para a mídia alternativa veio da maior fonte de recursos, as empresas estatais. O valor caiu de R$ 8,5 milhões em 2015 para R$ 2,3 milhões. A participação da administração indireta na verba foi reduzida de 76% para 60%. Em 2014, havia sido de 89%.
O valor investido pela administração direta –Planalto e ministérios– na mídia alternativa foi cortado em 40%. Trata-se de uma verba sobre a qual o governo tem controle mais direto.
Enquanto as estatais reduziram em 32% o total investido em publicidade em 2016, Planalto e ministérios cortaram só 9%. Alguns meios, inclusive, receberam mais dinheiro do que no ano anterior. Jornais e revistas faturaram, respectivamente, 18% e 58% a mais com a propaganda da administração direta.
Entre os veículos desses meios que tiveram aumento dos recursos pagos por Planalto e ministérios em 2016, estão os jornais O Globo (+11%) e Valor Econômico (+47,5%); e as revistas Época (+402,3%), IstoÉ (+316,2%) e Veja, que não recebeu recursos da administração direta em 2015, mas faturou R$ 2,3 milhões dessa fonte em 2016.