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24 de Setembro de 2013 às 17:00

24/09/2013 - No sexto dia, calçadas da Paulista são tomadas por bancários


São Paulo – As largas calçadas da Paulista amanheceram tomadas de bancários. Na terça-feira 24, sexto dia de greve da categoria, centenas de trabalhadores se concentravam em frente a seus locais de trabalho, como a Superintendência do Banco do Brasil, na esquina da Rua Augusta, ou do outro lado da avenida, na matriz do Safra.

Aglomerações de centenas de bancários também eram vistas no Bradesco Prime, na esquina da Rua Itapeva, e, de forma inédita, em frente ao prédio do Daycoval, ao lado do Parque Trianon. “Há 10 anos que trabalho aqui e nunca vi esse banco parar”, admirava-se um diretor do Daycoval (foto acima).

> FOTOS: veja imagens da greve na Av. Paulista

A paralisação, que se concentrou no coração financeiro do país, alcançou ainda o prédio da Caixa conhecido como タワfuscão preto”, a CA Brigadeiro e o Conjunto Nacional do Itaú, além do Citybank. “No primeiro dia de greve nacional paramos 6 mil locais de trabalho. Ontem (segunda-feira) paramos 9 mil. A greve está ficando cada vez mais forte e isso é uma resposta dos bancários à proposta indecente da Fenaban, de 6,1%, sem aumento real. Os seis maiores bancos do país lucraram, juntos, quase R$ 30 bilhões apenas no primeiro semestre deste ano. Nenhum outro setor da economia tem essa lucratividade. E esse lucro quem faz são os 500 mil trabalhadores bancários do país. Eles merecem respeito”, disse a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, em frente ao banco Safra.

> Quase 30 mil parados no sexto dia de greve

Um bancário do Bradesco Prime concorda: “O banco lucra tanto e divide tão pouco com os funcionários, e é a agência que carrega o banco nas costas. A proposta da Fenaban é ridícula. É chamar a gente de palhaço”.

Outra funcionária do Bradesco lembra que ser bancário não é fácil. “A gente rala muito pra sustentar esse gigante. O que eles estão oferecendo é muito pouco pro que eles lucram.”

Há cinco anos no Safra, um bancário questiona: “Os bancos lucram bilhões e não podem dar nem 10% de reajuste para os bancários?!”.

Outro acrescenta que só são valorizados os que vêm de outros bancos. “Muitas vezes eles fazem o mesmo trabalho, têm a mesma função, mas ganham mais. Não é justo e não tem lᄈgica. Isso só mostra que falta um plano de cargos e salários. A gente se sente desvalorizado.”

“Tem de ter greve mesmo, pois trabalhamos demais e na hora de sermos reconhecidos nos oferecem 6%?! Isso chega a ser ridículo”, reclama uma bancária do Bradesco.

“A greve é necessária pra fazer pressão sobre os banqueiros. A proposta da Fenaban é ridícula. Tinha que ter pelo menos aumento real”, afirma uma bancário do Safra.

Auxílio-educação – Não é só de salários maiores que os bancários sentem falta. Há 30 anos no Bradesco, uma trabalhadora reclama que falta uma política no banco para ajudar os trabalhadores a estudar e se especializar. “A gente tem de estar sempre se atualizando, fazendo cursos de pós-graduação na área. Mas isso é caro e o banco não ajuda. Pode até ajudar um ou outro, mas não tem uma política clara pra incentivar a formação dos funcionários. Isso seria muito importante.”

“Não temos nenhum tipo de bolsa de estudo e, no meu caso, gostaria de me qualificar para tentar uma promoção no banco. São coisas como essa, além da pressão diária para vender produtos, que nos revoltam e nos levaram a entrar nessa greve”, diz outra funcionária do Bradesco.     

Valorização – A falta de valorização também é destacada por um bancário do Daycoval. “O banco precisa da gente tanto quanto a gente precisa dele. Se o banco quer crescer, precisa que a gente cresça com ele. Mas a situação aqui é desigual: são poucos ganhando muito e para a maioria sobram migalhas.”

“Pra você ter uma ideia, nas próximas semanas a diretoria e alguns gerentes escolhidos a dedo vão fazer uma viagem milionária à África do Sul, enquanto para nós sobra uma merreca. Eles tem que olhar com mais atenção pra quem dá esse lucro pra eles”, acrescenta outra trabalhadora do Daycoval.


Fonte: Seeb/São Paulo - Andréa Ponte Souza e Rodolfo Wrolli


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