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6 de Maio de 2020 às 17:37

Sistema bancário vive caos durante pandemia. Sindicato vê alto risco de tragédia


Incluído entre os serviços essenciais à população durante a pandemia do novo coronavírus, o atendimento bancário não foi capaz de se estruturar adequadamente e vive uma situação de caos. O drama dos bancários e da população está exposto nas condições desumanas das filas intermináveis na porta das agências, na falta de protocolos e de observância a medidas de prevenção ao contágio e à disseminação do vírus entre bancários e usuários, e mesmo na incapacidade dos bancos de assegurarem atendimento pleno à demanda por serviços tidos como indispensáveis.

O Sindicato caracteriza como insustentável o quadro de desorganização observado no sistema bancário e alerta paro o risco iminente de uma tragédia por contaminação em larga escala e significativa perda de vidas de bancários e dos que buscam atendimento nas agências. A gravidade da situação é detectada a partir do ostensivo trabalho de monitoramento e avaliação das condições de trabalho e de atendimento à população, em rondas permanentes de dirigentes sindicais às unidades.

As agências da Caixa expõem o caos do sistema por falta de planejamento mínimo e de estratégia de organização do atendimento aos beneficiários do auxílio emergencial concedido a trabalhadores autônomos e desempregados por conta da pandemia. Os problemas afetam também agências do Banco do Brasil e as casas lotéricas.

“Faltou não apenas capacidade de gestão de situações emergenciais por parte dos governantes e dos dirigentes dos bancos, mas também responsabilidade. Estamos cobrando desde o início da crise sanitária ações efetivas de controle do fluxo de pessoas nas agências bancárias, mas chegamos ao momento de se pagar o auxílio emergencial sem que nada tivesse sido feito nesse sentido”, ressalta o presidente do Sindicato, Kleytton Morais.

Sindicato defende a descentralização dos serviços

O Sindicato considera urgente a tomada de iniciativas que assegurem e ampliem protocolos negociados entre o movimento sindical, os bancos e outros intervenientes, entre os quais o GDF e o Ministério Público. A representação dos bancários já apresentou suas propostas em reunião com o governador Ibaneis Rocha e em seguidos encontros com representantes da Caixa.

“A proposição do Sindicato é descentralizar os serviços de forma que os beneficiários sejam atendidos em espaços amplos e adequados, a exemplo de ginásios de esportes, para maior segurança de todos, bancários e clientes. Para maior celeridade ao atendimento, a ideia é também agregar outros suportes, a partir de novos atores, como órgãos do próprio GDF, Na Hora e outros”, destaca Kleytton.

As ações do Sindicato em busca de segurança na realização dos serviços bancários, que são inegavelmente essenciais, têm sido adotadas de forma tempestiva e são sempre pautadas pelo caráter de urgência imposto pela pandemia. “Nosso foco é na defesa de garantias a um atendimento seguro nas unidades bancárias, para preservação da vida dos bancários e dos usuários. Agimos com a responsabilidade de quem busca eliminar todas as formas de contágio e de disseminação do vírus”, diz o presidente do Sindicato.

Iniciativas do Sindicato

Assim que foi publicado o decreto do governo do Distrito Federal determinando o fechamento de escolas e faculdades, o Sindicato encaminhou ofício aos bancos cobrando a suspensão das atividades bancárias. No dia 16 de março, o Sindicato participou da reunião do Comando Nacional com a Fenaban que criou o comitê de crise para acompanhar as orientações das autoridades de saúde e tratar das medidas a serem adotadas pelos bancos.

Em 18 de março, o Sindicato enviou ofício ao governador Ibaneis Rocha requerendo a suspensão das atividades bancárias presenciais em todo o DF. A proposta foi acatada e a suspensão foi determinada por, no mínimo, 15 dias.

O Sindicato estabeleceu processos permanentes de negociações com os bancos buscando defender a saúde e a vida dos bancários e dos clientes. Em reunião com a Fenaban em 13 de abril, ficou assegurado pela representação dos bancos o cumprimento dos protocolos de prevenção à Covid-19, em especial o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs).

O Sindicato e o Comando Nacional dos Bancários cobraram também da Fenaban o reembolso dos testes de Covid-19 e reforçaram a reivindicação de testagem em massa da categoria.

BRB

No BRB, a reivindicação do Sindicato foi atendida e será realizada testagem de todos os funcionários do conglomerado para diagnóstico da doença. A testagem começou nesta terça-feira 5 de maio e será feita de forma escalonada. As lactantes foram incluídas no grupo de risco e cerca de 70% dos funcionários estão em contingência no home office. Porém, o banco tem realizado forte pressão nos funcionários de agências por metas e não vem cumprindo o rodízio indicado no decreto do GDF.

Banco do Brasil

No Banco do Brasil, foi conquistada a instalação de proteção de acrílico em todos os caixas, para redução da possibilidade de contágio de clientes e funcionários no momento do atendimento. Mas o banco decidiu usar a Medida Provisória 927 para aplicação de férias compulsórias aos funcionários, entre outras medidas prejudiciais aos trabalhadores. E está lançando mão também do banco de horas negativo. O Sindicato combate essas medidas e vem exigindo do BB maior possibilidade de adesão dos funcionários do grupo de risco ao home office.

As negociações com a Fenaban arrancaram também compromisso de que o retorno ao trabalho presencial dos bancários que estão em home office não se dará sem negociação prévia com o movimento sindical. O retorno deverá observar estudos e recomendações de protocolos e práticas protetivas, de maneira a garantir a segurança física e emocional dos bancários. O Sindicato segue atento à garantia de respeito ao rodízio de funcionários e na luta pela reavaliação das metas, que continuam sendo fortemente cobradas, e pela inclusão das lactantes no grupo de risco.

Itaú

O banco Itaú atendeu a reivindicação das representações dos bancários e estabeleceu em 12 meses o prazo para compensação do banco de horas dos funcionários que estão afastados do local de trabalho sem realizar o home office, incluindo aqueles que fazem parte dos grupos de risco, e dos que estão em esquema de rodízio. Será concedido também um bônus de desconto de 10% em cima do total de banco de horas de cada trabalhador, sem computar sábado, domingo e feriado.

Bradesco

No Bradesco, ficou definido que os trabalhadores que estão em casa e não estão em teletrabalho, como os do grupo de risco, cujas atividades profissionais não podem ser feitas de casa, serão colocados em férias junto com áreas do banco que estão inativas ou que tiveram suas atividades muito reduzidas.

O Sindicato mantém rondas diárias de dirigentes pelas agências para fiscalização e combate às precárias condições de atendimento e às situações de risco de contágio e de disseminação do coronavírus.

Evando Peixoto
Colaboração para o Seeb Brasília


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