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22 de Fevereiro de 2016 às 08:00

Secretaria de Saúde apresenta resultados e retoma atividades para 2016


Crédito: SEEB/BRASÍLIA

Brasília - Em dois anos, 108 bancários e bancárias do DF foram atendidos pela Clínica do Trabalho da Secretaria de Saúde do Sindicato, que atua em políticas que visam o tratamento, o combate e a prevenção do adoecimento do trabalhador, além de apoio psicológico. Esse número foi apresentado durante evento de reabertura das atividades da Secretaria, nesta quinta-feira (18), na sede do Sindicato.

Entre os principais sintomas relatados pelos trabalhadores adoecidos estão irritabilidade, tensão, insônia, tristeza e pensamentos obsessivos. Diversos deles, que receberam assistência de saúde e/ou jurídica, marcaram presença e tomaram conhecimento dos resultados dos trabalhos desenvolvidos nesse período e das atividades previstas para este ano.

“É importante que vocês se tornem multiplicadores do trabalho desenvolvido pela Clínica do Trabalho, para ajudar colegas que estão sofrendo e se recusam a buscar ajuda”, disse o secretário de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Wadson Boaventura, garantindo total sigilo e anonimato a quem procura o serviço.

“O Sindicato está à disposição e de portas abertas para receber e orientar cada trabalhador e trabalhadora, caso venham a sofrer um assédio moral ou acidente de trabalho, ou mesmo para requerer os seus direitos na previdência social”, frisou o presidente do Sindicato, Eduardo Araújo.

A partir do dia 29 deste mês, o Sindicato dará continuidade à terceira fase do programa de combate ao assédio moral, “uma das pragas que fazem com que haja um adoecimento crescente, principalmente o mental, entre os trabalhadores”.

Em seguida, serão retomadas as atividades no Congresso Nacional, com a realização de um seminário sobre saúde do trabalhador, envolvendo as novas práticas de gestão que trazem e facilitam o assédio moral. “Vamos combater isso, porque não adianta fazer acordos coletivos e as pessoas continuarem adoecendo”, pontuou Araújo.

Pesquisa e Clínica do Trabalho

Em 2013, o Sindicato deu início à pesquisa sobre Riscos Psicossociais do Trabalho Bancário, em parceria com o Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde do Trabalhador e o Laboratório de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho da Universidade de Brasília (UnB). Os resultados foram publicados na cartilha '100% não é o limite', amplamente divulgada entre os bancários.

Dos 2.111 bancários entrevistados, constatou-se que cerca de 40% apresentaram risco de adoecimento, 60% já disseram ter sofrido assédio moral no ambiente de trabalho e 70% dizem vivenciar a indignidade. A partir dessa pesquisa, foi criada a Clínica do Trabalho, um espaço coletivo para falar e escutar o sofrimento relativo ao trabalho de bancárias e bancários.

De acordo com a professora Ana Magnólia Mendes, do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da UnB, que coordena a Clínica do Trabalho, o sofrimento ético é o elemento mais forte que abala profundamente a categoria e se vincula a uma discrepância entre os valores do bancário e ao que é demandado, pressionado para ele fazer.

“Por isso, é fundamental que os participantes se mobilizem para se tornar multiplicadores e constituir grupos de apoio, para se ajudar mutuamente”, endossou Magnólia. E acrescentou que é preciso evitar que outra grande maioria de trabalhadores seja atingida “por esse vírus que tem se instalado nas instituições financeiras, provocando o adoecimento nos bancários”.

O Sindicato vai editar uma nova cartilha com os resultados da pesquisa qualitativa e dos atendimentos realizados, levando em consideração os dois anos de observação da clínica, com vistas a provocar a discussão sobre os dados, que são preocupantes.

Jurídico previdenciário

A Secretaria também presta assistência e orientação para os filiados obterem benefícios junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Advogada do Escritório Boch Advogados, Janaina Barcelos, que assessora a parte previdenciária no Sindicato, apontou que ano passado foram realizados 614 atendimentos jurídicos aos bancários, número considerado alarmante.

Janaina observa que durante os atendimentos, os sintomas relatados são de conflito ético, estresse, assédio moral, sobrecarga de trabalho, ou seja, os trabalhadores se repetem nas queixas relacionadas à saúde. “E é lamentável que grande parte dos casos (60 a 70%) se torna ações judiciais”, disse.

Os atendimentos jurídicos são prestados três vezes por semana (2ª, 4ª e 6ª) aos afastados ou aos que buscam esclarecimentos para se afastarem do trabalho.

Já o apoio psicológico oferecido aos bancários que sofrem qualquer distúrbio psicológico provocado por causas no ambiente de trabalho é realizado de segunda a sexta-feira, das 9h ao meio-dia.

Registro da CAT

Nos últimos dois anos, o Sindicato emitiu 316 Comunicações de Acidente de Trabalho (CAT), outro serviço prestado pela Secretaria. De registro obrigatório pelo empregador, a CAT informa ao INSS a ocorrência de acidente no trabalho ou se há suspeita de que o trabalhador tenha adquirido doença em função do trabalho, seja ela física, mental ou comportamental.

TV Bancários

O secretário de Saúde, Wadson Boaventura, será o entrevistado do TV Bancários de segunda-feira (22), quando serão repassadas informações sobre trabalhos jurídicos e de atenção à saúde mental dos bancários realizados pela secretaria. O programa é transmitido ao vivo, às 19h, pelo portal e redes sociais do Sindicato.

Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília


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