Ilegal e expressamente proibida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), a venda casada é prática corriqueira nas instituições bancárias, figurando entre as principais reclamações nos Procons. Entre as formas usadas estão incluir seguro de proteção ao crédito nos empréstimos, apelidado de seguro calote, e condicionar a concessão de crédito à contratação de outros serviços.

“Os bancos falam que respeitam o direito de escolha do consumidor e que cumprem todas as normas aplicáveis. Pelo contrário, com a desculpa da crise, cada vez mais bancárias e bancários são coagidos a praticarem esta ilegalidade”, afirma o presidente do Sindicato, Eduardo Araújo.

Sem dúvidas, realça Araújo, a prática afeta a vida profissional e pessoal dos bancários. “Pois, além de sofrerem com a pressão, ficam constrangidos frente aos clientes que, em sua maioria, atribuem a prática aos trabalhadores e não à ganância dos banqueiros, os únicos responsáveis por esta excrescência.”

Para Araújo, as instituições bancárias deveriam estabelecer uma relação harmônica com clientes e funcionários, primando sempre pela ética transparência e honestidade. “Somente com atitudes e procedimentos éticos será possível construir uma sociedade mais justa. Além de buscar satisfazer as necessidades do cliente, os banqueiros deveriam ter a percepção de que seus funcionários também devem estar satisfeitos com relação às suas atividades.”

Nesse sentido, o presidente destaca a falta de ética com que os bancos insistem em impor aos funcionários metas cada vez mais abusivas. Tal prática, uma constante tanto nos bancos privados quanto públicos, acaba por sobrecarregar os bancários, provocando adoecimento da categoria.   

Citando os códigos de ética das instituições, Araújo afirma que não há outro caminho, além do comportamento ético nos negócios, para se obter lucro com respaldo moral. “Honestidade, respeito, compromisso, confiança, transparência são alguns dos elementos que deveriam nortear os bancos enquanto baluartes da modernidade”, destaca.

O que é venda casada?

Às vezes, o cliente adquire e paga por um serviço sem saber. Na venda de algum produto ou serviço, as empresas empurram para o consumidor um produto que ele não desejava. Isso vale para qualquer valor adicionado pela empresa como benefício, mesmo que de forma disfarçada. Isso contraria o CDC, o qual determina plena liberdade de escolha ao consumidor quanto ao que deseja consumir.

Responsabilidade social empresarial (RSE)

A RSE, assunto discutido pelo professor de ética empresarial Antonino Vaccaro em artigo publicado no Valor Econômico, serviu de base para o tema abordado nesta matéria.

“Ser autêntico significa que as iniciativas de responsabilidade social devem ter como objetivo provocar impacto real na sociedade. Funcionários, consumidores e outros envolvidos esperam que sua empresa esteja total e autenticamente comprometida em melhorar a sociedade”, aposta o professor.

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Rosane Alves
Do Seeb Brasília