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23 de Outubro de 2015 às 09:02

Greve é reforçada com ato público no Setor Comercial Sul


Crédito: SEEB/BRASÍLIA

Nem mesmo o calor escaldante desta quinta-feira (22) conseguiu tirar o ânimo e o bom humor dos dirigentes sindicais para fortalecer a luta dos bancários do Distrito Federal, neste 17º dia de greve da categoria. Munidos de churrasqueiras e muita disposição, eles distribuíram espetinhos para os trabalhadores e a população que transitavam pelo Setor Comercial Sul (SCS), em frente ao Bradescão (onde fica instalada a diretoria regional) e ao Itaú, para amenizar o clima de insatisfação e não deixar que os ânimos esmoreçam com as propostas rebaixadas apresentadas pela Fenaban até agora.

“Estamos reforçando os comitês de esclarecimentos e, ao mesmo tempo, tentando criar um clima mais descontraído e ameno, porque esses dias de greve são bastante desgastantes tanto para os bancários quanto para a população em geral. Mas a categoria está mostrando sua força, e não tem desanimado na luta por uma proposta decente, com aumento real e valorização do seu trabalho”, comentou o secretário de Cultura do Sindicato, Sandro Oliveira, também bancário do Itaú.   

O secretário de Imprensa do Sindicato e bancário do Bradesco, José Garcia, convocou os bancários a reforçarem a luta: “Ainda dá tempo, começamos com 5,5%, chegamos a 7,5%. E, na última rodada de negociação, os banqueiros ofereceram 8,75%. Ainda dá tempo de chegar aonde queremos. Só depende de você. Vem pra cá também!”.

Garcia esclareceu aos transeuntes do SCS que a atividade realizada naquele setor não era uma festa, mas uma mobilização para mostrar que os bancários não vão dar trégua aos banqueiros enquanto eles não apresentarem uma proposta que atenda as expectativas da categoria.

 “Nós explicamos à população que podemos continuar em greve na próxima semana, caso não tenhamos uma proposta decente”, alertou o secretário de Imprensa. E avisou: “Banqueiros, nós estamos preparados para enfrentá-los”. 

Para Louraci Morais, diretora do Sindicato e bancária do Itaú, “os bancos lucram muito, mas não querem repartir o bolo com os trabalhadores, os grandes responsáveis pela alta rentabilidade do sistema financeiro". Segundo ela, o lucro exorbitante do Itaú, de R$ 12 bilhões somente no segundo semestre deste ano, é fruto da exploração dos bancários que, por conta do excesso de trabalho, estão adoecidos. "Por isso, nossa luta é justa e não vamos fraquejar", frisou.   

Juliano Rodrigues, secretário de Assuntos Jurídicos da Fetec-CUT/CN e bancário do Bradesco, também criticou o descaso dos banqueiros e reafirmou o propósito de continuar pressionando a Fenaban (o sindicato dos bancos) a melhorar a proposta de reajuste de 8,75%. “Se na rodada de negociação de hoje (22) não for oferecida nenhuma proposta que satisfaça as reivindicações dos bancários, obviamente que iremos permanecer em greve, que está numa crescente, e só sairemos dela vitoriosos”, assegurou. 

Reforço dos gerentes

Os gerentes de Módulo e caixas do Banco do Brasil engrossaram a greve nesta quinta (22). Aqueles que participam da paralisação desde o primeiro dia criaram uma frente em parceria com a direção do Sindicato para convencer os colegas que ocupam as mesmas funções a também aderir ao movimento. 

Um dos principais receios dos funcionários que ocupam essas funções é que a adesão à greve possa prejudicá-los profissionalmente. Para esclarecer essa temor, que não procede, dirigentes sindicais visitaram os bancários para acabar com essa dúvida.  

“Nós percorremos as agências para convencer mais colegas a aderir à greve e fortalecer a luta para pressionar os banqueiros a atender as nossas reivindicações”, informou a diretora do Sindicato e funcionária do BB Marianna Coelho, acrescentando que foram feitas reuniões em cerca de 10 agências e que a visita aos locais de trabalho será ampliada.

Insultos e desconhecimento 

"Vá trabalhar vagabundo". Esta é a frase que os bancários e os dirigentes sindicais mais têm escutado nestes 17 dias de greve. 

O secretário de Formação Sindical, Antonio Abdan, observa que, neste embate, quem mais sofre talvez seja o usuário que depende de adentrar na agência. “Aquele que precisa ser atendido na ‘boca do caixa’. Para muitos desses clientes a culpa pelo transtorno é do Sindicato. Eles acreditam que, quando o Sindicato não está presente, a agência funciona normalmente, mesmo estando em greve", lamenta o dirigente.

Ele questiona: “Como o trabalhador vai conseguir que seu ‘patrão’ lhe conceda o que lhe é de direito? O que o trabalhador tem que interessa ao patrão?”.

“Historicamente sabemos que patrão e governo não concedem nada. O que o trabalhador tem vem de sua luta. É através da greve que o trabalhador priva o patrão da única coisa  que o interessa. Fazer greve é um direito. Fazer greve é legal. A presença do sindicato na porta de uma agência é para garantir aos trabalhadores daquele local o exercício de seus direitos”, esclarece Abdan. 

Para o dirigente sindical, chamar de vagabundo quem luta por seus direitos é no mínimo ignorância. “É injusto, pois o trabalhador em greve está exercendo, dentro de seu limite, algo que lhe é garantido pela Constituição. É colocar sobre os ombros de quem já está passando por grande pressão  um peso a mais”.

Categoria organizada e aguerrida

A categoria bancária é uma das mais organizadas do país. É uma das poucas que possuem uma convenção coletiva de trabalho de validade nacional. E uma das poucas categorias que acumulam ganhos reais há 11 anos. É uma categoria que luta. “Em vez de insultá-la, a população deveria aprender com ela”, dispara Abdan.

Para os dirigentes sindicais, “quanto aos bancos,  aí estão os verdadeiros vilões. Pois  mesmo acumulando montanhas de dinheiro, expõem seus empregados e população a um constrangimento facilmente evitável. Se negociassem com seriedade, esse impasse não chegaria ao seu 17ª dia”. 

Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília


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