Porto Velho RO - O titular da Gerência Operacional do Itaú em Rondônia parece não conhecer a fundo a Lei nº 7.783, de 28 de Junho de 1989, que dispõe sobre o exercício do direito de greve para todas as classes de trabalhadores. Pelo menos é o que ficou evidente na manhã desta quarta-feira, 21/9, quando, na agência da avenida José Amador dos Reis, zona Leste de Porto Velho, e em outras agências espalhadas pelo interior do Estado, gerentes foram obrigados a ordenar funcionários de limpeza ou de segurança a retirar os cartazes da greve que foram colocados pelos grevistas e pelos diretores do Sindicato dos Bancários de Rondônia (SEEB-RO) desde o dia 6 de setembro, início da greve nacional.
A Lei de Greve - como é conhecida a Lei nº 7.783, de 28 de Junho de 1989 - é bem clara sobre este tema quando trata, em seu Artigo sexto...
Art. 6º São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos:
I - o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve;
§ 1º Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem.
§ 2º É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento.
LUCRO X EMPREGO
O Itaú Unibanco é o banco que, nos últimos anos, mais lucra no país. Somente no primeiro semestre deste ano já obteve lucro de R$ 10,73 bilhões. No entanto, em vez de usar os lucros para contratar mais funcionários e, com isso, melhorar o atendimento ao público, vem diminuindo seu quadro de funcionários desde março de 2011. Só nos últimos doze meses já foram extintos quase 3 mil postos de trabalho pelo banco.
Além disso, o banco tentou, há alguns meses, impor nas agências rondonienses, uma espécie de 'revista segura', sob a alegação de dar segurança, mas, ao contrário, apenas submetia seus funcionários a situações de constrangimento diário, pois os bancários que portavam bolsas, mochilas ou similares eram obrigados a passar por uma minuciosa revista, feita pelos vigilantes, como se fossem suspeitos de algum crime. O tipo de abordagem foi mudado após intervenção do Sindicato, mas ainda existem focos de reclamações de constrangimento por parte de empregados.
Logo ao receber as denúncias nesta manhã, o presidente do Sindicato, José Pinheiro, conversou, por telefone, com a Gerência Operacional do Itaú, que mostrou postura de intransigência e que estava apenas cumprindo ordens da direção nacional do banco, que é de continuar afrontando a Lei de Greve.
"Não vamos permitir que o banco que mais lucra no país e que, em vez de contratar mais funcionários, demite, venha agir desta forma truculenta e que fere o direito à greve garantido na lei. É uma clara tentativa de intimidar os trabalhadores e forçá-los a trabalhar em plena greve e, com isso, enfraquecer o movimento que está forte em todo o país. Não vamos tolerar tal prática antissindical e vamos denunciar os casos ao Ministério Público do Trabalho e demais órgãos fiscalizadores, pois isso é um ataque velado ao direito sagrado do trabalhador de lutar pelas suas reivindicações", anunciou José Pinheiro.