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3 de Junho de 2016 às 06:25

Defesa da Caixa 100% pública marca rodada de negociação com o banco


Crédito: SEEB/BRASÍLIA

Brasília - A defesa da Caixa 100% pública deu o tom da rodada da mesa permanente de negociação entre a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) e representantes da empresa realizada na manhã desta quinta-feira (2), em Brasília.

“Não reconhecemos o governo ilegítimo, mas valorizamos e respeitamos a mesa. Contamos com todos, inclusive com esta mesa, para defender a Caixa 100% pública”, enfatizou Fabiana Matheus, coordenadora da CEE.

Os últimos acontecimentos no banco, segundo constatou a Comissão, estão sinalizando para a construção de um roteiro que visa o enfraquecimento da Caixa, a exemplo da reestruturação em curso, do posicionamento da empresa em não contratar mais funcionários e da implantação do caixa minuto, abrindo as portas para a privatização, conforme declarações dadas à imprensa pelo novo presidente da instituição, Gilberto Occhi, empossado nesta quarta 1º.

Soma-se a essas ações a criação da agência digital, modalidade apresentada pelos representantes do banco durante a reunião, e que irá reposicionar bancários que trabalham nas unidades tradicionais para as agências virtuais.

“Se o banco não fizer mais contratações para substituir aqueles que irá usar nas agências digitais, por exemplo, o quadro de funcionários ficará ainda mais desfalcado. Isso irá levar à terceirização, à qual somos contrários, e ao enfraquecimento das unidades”, protestou o secretário de Finanças do Sindicato, Wandeir Severo, que representa a Federação Centro-Norte (Fetec-CUT/CN) na CEE.

 

Contratações

A respeito de novas contratações, assunto cobrado constantemente pela Comissão em mesa, a Caixa insiste em que não vai investir em novos trabalhadores.

“Vamos continuar lutando para que ocorram mais contratações. Essa é uma das nossas principais bandeiras em defesa de uma Caixa 100% pública”, enfatizou Fabiana.

 

Reestruturação

Sobre os rumos do processo de reestruturação, a CEE reiterou aos representantes da Caixa que apresentassem mais informações sobre prazos, unidades reestruturadas e quantitativo dos funcionários envolvidos.

“Se a mesa de negociação é um espaço para o diálogo transparente, por que a Caixa nos negou informações e, em seguida, as apresentou ao Ministério Público do Trabalho?”, questionou a diretora do Sindicato Fabiana Uehara, também presente à negociação.

Os representantes da empresa assumiram o compromisso de enviar as informações para a Comissão. Sobre o calendário referente à reestruturação, disseram que é preciso esperar posicionamento do novo presidente da Caixa, Gilberto Occhi.

 

Caixa minuto

Nova modalidade de atendimento, o caixa minuto, que pode acabar extinguindo o caixa executivo, foi bastante debatido pela Comissão. “Esse cenário dialoga com o contexto macro, que empurra a Caixa para uma situação de enfraquecimento do banco enquanto empresa pública”, afirmou Fabiana Matheus.

A coordenadora aproveitou para pedir que a empresa reveja a posição de implantar esse serviço, que fere as condições de trabalho dos bancários. “Os caixas já trabalham no risco do estresse e, ainda, irão pagar para trabalhar, pois irão receber pelos minutos que produzem.”

 

Agência digital

As agências digitais irão trabalhar com uma plataforma de atendimento a distância para clientes de alta renda, que serão selecionados por regra de negócio. A previsão é que o piloto será implantado em cinco praças: Brasília, Campinas (SP), Ipiranga (SP), Goiânia e Rio de Janeiro.

O piloto contará com quatro gerentes por agência, que funcionará das 8h às 24h e reunirá até mil clientes por carteira. A comunicação entre clientes e agências será feita por telefone, email, chat, vídeo e mensagem de voz.

A justificativa para criação do serviço é a necessidade de a Caixa se posicionar no mercado financeiro seguindo a tendência dos outros bancos. “Precisamos oferecer esse serviço para que nossos clientes não migrem para outros bancos que já contam com esta facilidade”, explicou o representante da empresa.

Para a Comissão, contudo, o novo serviço não irá melhorar o atendimento e ainda pode acabar desrespeitando a jornada do trabalhador. “Pela experiência, haverá aumento do estresse do funcionário, que pode adoecer e se afastar do trabalho”, ressaltou Wandeir.

 

Licença-paternidade

A mesa também discutiu o período da licença-paternidade que, segundo a Caixa, só será ampliado de 5 para 20 dias a partir de janeiro de 2017. Segundo o banco, esse prazo servirá para que a Receita Federal faça algumas adequações com relação ao incentivo fiscal e para que todos os bancos implantem o procedimento na mesma época, seguindo orientações da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos).

Com relação ao Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA), a Caixa informa que cerca de 400 bancários já aderiram ao programa. O PAA segue até 8 de junho, com expectativa de receber cerca de 500 inscrições. Os desligamentos irão ocorrer ainda em 29 deste mês.

Rosane Alves
Do Seeb Brasília


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