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21 de Dezembro de 2015 às 08:34

“Brasil passa por uma crise com três dimensões”, avalia diretor do Diap


Crédito: SEEB/BRASÍLIA
Diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Queiroz (Toninho)

Brasília - “A atual conjuntura nacional está imersa em uma grande crise ética/moral, econômica e política. E nenhuma delas ainda foi equacionada”, frisou o diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Queiroz (Toninho), ao abordar o cenário político e econômico brasileiro na plenária sobre o tema promovida pelo Sindicato, nesta quinta-feira (17), no auditório da Escola Parque da 308 Sul.

Na avaliação do também jornalista e analista político, a crise econômica provavelmente será a que se projetará com mais reflexo negativo sobre o país, considerando que está havendo uma perda diária da ordem de 7 mil empregos. “A tendência é que esse quadro piore um pouco mais. Por isso, precisamos ter a clareza para dialogar com a opinião pública para que não haja desalento e nem desesperança nesse momento enquanto se busca a retomada do crescimento em bases sustentáveis”, pontuou.

Queiroz discorreu que há no Brasil uma combinação de quatro fatores que são sinônimos de crise em qualquer país ou lugar – um governo enfraquecido; um congresso corporativo, um judiciário midiático e uma imprensa tendenciosa.  “Essa combinação torna o ambiente político e social desorganizado, confuso e deixa a população atônita”, disse.

Para ele, a crise política instalada no Brasil tem reflexões nas manifestações de junho de 2013 que não tiveram o propósito atual, eram para pedir mais Estado, mais governo e mais políticas públicas.  Depois foi apropriada por setores que não tinham mais interesses. “O cidadão foi às ruas nas dimensões de eleitor, contribuinte, usuário de serviços públicos e consumidor. Não houve protesto na dimensão de trabalhador, porque naquele momento o emprego e a renda cresciam. Também não foi permitida a participação dos setores do movimento social organizado, como os partidos políticos, sindicatos, MST e UNE.”

No entanto, na análise do diretor do Diap, nenhum dos pleitos das manifestações se transformou em políticas públicas. Por conta disso, o povo se indignou e passou a se identificar contra tudo que está aí. “O Congresso eleito nesse ambiente político foi esse que vemos: o mais conservador de todos os tempos e que representa o que há de mais atrasado na política nacional”, observou.

Para evitar um retrocesso social maior, Queiroz considera que é preciso ter clareza dos interesses que estão por trás daqueles que buscam a destituição da atual governante. “Também é fundamental fortalecer os sindicatos e os movimentos sociais e ampliar o debate político na sociedade, ao contrário do que a mídia hegemônica tenta impor no sentido de criminalização da política”, enfatizou.

E acrescentou: “É na política que os problemas coletivos são resolvidos. Todas as conquistas dos avanços civilizatórios são produtos de decisões políticas. Se você desqualifica a política, você perde este instrumento fundamental para definir regras de convivência. Quando se desqualifica a política, se qualifica o mercado, e o mercado só pensa no lucro, não tem compromisso ético, social nenhum. Se a gente não participa da política, este espaço vai ser ocupado por gente inescrupulosa que não tem compromissos com o interesse público”.

Além de falar dos retrocessos e conquistas sociais, afirmando que não se pode deixar que as forças contrárias aproveitem o momento de fragilidade do país, Antonio Queiroz  criticou o comportamento do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, ao abrir o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Roussef, “num momento de oportunismo próprio”.

Mobilização sindical

“O movimento sindical deve investir na mobilização e na formação como condição necessária e suficiente para alterar essa correlação de forças que ocorre no país”, recomendou Toninho, ao lembrar da experiência que se teve recentemente nas eleições da Venezuela e da Argentina, “que vai caracterizar um retrocesso do ponto de vista social muito significativo”.

“É necessário se antecipar a esse risco, para chamar a atenção do programa com bases neoliberais que está sendo apresentado como alternativa para a crise, mas que na verdade significa um grande retrocesso”, alertou.

Formadores de opinião

Antonio Queiroz destacou que os bancários são uma categoria extremamente importante no Brasil, tem acesso a muita gente e são formadores de opinião. “Por isso, precisam atuar fortemente na mobilização e na liderança desse processo, chamando outras forças, outros movimentos, utilizando o seu poder econômico, a sua estrutura”, observou.

E acrescentou: “O Sindicato dos Bancários de Brasília tem um enorme teatro, que já é bem utilizado, mas que precisa ser potencializado no sentido de promover mais programas com a característica desta plenária, de formação, e de atividades lúdicas que possam trazer a juventude para se engajar nesse processo. O fato de já estar promovendo esse evento já é um indicativo de que a entidade sindical está preocupada com isso”.

Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília


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