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13 de Setembro de 2016 às 13:46

A greve não é só por aumento salarial


Crédito: SEEB/BSB

Brasília - Os bancários entraram no quarto dia de greve em todo o país com a expectativa de que a extensa pauta de reivindicações da categoria, aprovada em julho, fosse atendida pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) na nova rodada de negociações que aconteceu na sexta-feira (9) - o que não ocorreu.

Rejeitada de pronto na mesa pelo Comando Nacional dos Bancários, a proposta de reajuste, que passou de 6,5% para 7%, se mantém aquém da inflação projetada para o período, de 9,57%, e impõe sérias perdas aos trabalhadores, assim como também significa um grande retrocesso a política de abono que os banqueiros insistem em empurrar goela abaixo na categoria.

A paralisação, contudo, não é só pelos 14,78% de aumento salarial reivindicado. É também pelo fim das metas abusivas e sobrecarga de trabalho, contra as demissões, as terceirizações, a falta de segurança e a precarização das condições de trabalho. O combate ao assédio moral, prática constrangedora e condenável que leva os trabalhadores ao adoecimento, também está entre as principais reivindicações da categoria. 

Só que, em relação a esses pontos, a proposta oferecida pelos representantes do patronato é ainda pior do que a que trata das cláusulas econômicas. 

A seguir, o Sindicato explica por quê.  

Mais empregos


Embora seja o setor que mais lucra no Brasil - foram R$ 30 bilhões só no primeiro semestre deste ano -, o sistema financeiro continua com sua onda de demissões. Os números são alarmantes. Apenas de janeiro a maio de 2016, já foram fechados 5.998 postos de trabalho. Em relação ao mesmo período do ano passado, o corte de vagas mais que dobrou, com crescimento de 105,05% (em 2015, o saldo foi de 2.925 no mesmo período analisado).

Cobrada na mesa de negociação, a Fenaban se limitou a dizer que o debate sobre empregos deve ser feito banco a banco.

Os bancários, além da manutenção de postos de trabalho e do fim da rotatividade, têm na geração de mais vagas uma das principais reivindicações. 

Igualdade de oportunidades


A promoção da igualdade de oportunidade para todos, com o fim das discriminações na contratação, nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, LGBTS e Pessoas com Deficiência (PCDs) também é uma frente de mobilização. 

No caso das mulheres, mesmo sendo praticamente metade da categoria, elas ganham em média 22,1% menos que homens, sem contar que encontram mais dificuldades na ascensão da carreira. Mas a Fenaban remeteu novamente à mesa temática o debate de igualdade salarial e de ascensão profissional entre homens e mulheres.

Saúde



Estão na pauta a melhoria nos programas de retorno ao trabalho, participação dos trabalhadores e dos sindicatos nas questões de saúde, além do acesso a informações retidas pelos bancos.

O combate aos assédios moral e sexual está entre as principais reivindicações, assim como a questão das metas, que interferem na saúde do trabalhador.

Os bancários são uma das categorias que mais sofrem com uma estrutura organizacional perniciosa, cujos reflexos podem ser medidos pelos números do INSS.  

Segundo um estudo do Sindicato publicado na cartilha 100% não é mais o limite,  cerca de 40% dos bancários e bancárias do Distrito Federal estão em risco de adoecimento, 60% já sofreram assédio moral no ambiente de trabalho e 70% vivenciam a indignidade. O levantamento foi feito a partir da coleta e análise de dados de 2.111 bancários, com idade média de 38 anos e cerca de 13 anos de banco.

Segurança

Em relação à segurança, os bancários reforçam a necessidade de portas giratórias nas agências, já que muitas ainda não possuem o item de segurança. A instalação de biombos nos caixas eletrônicos e o fim das guardas das chaves pelos trabalhadores também estão na minuta aprovada.

Terceirização

O combate à terceirização sem limites também é uma bandeira de luta da categoria. Estudo do Dieese aponta que um trabalhador terceirizado ganha em média 27% menos, trabalha três horas a mais por semana e fica cerca de 2,6 anos a menos no mesmo emprego. No setor bancário, um terceirizado chega a ganhar até 70% menos do que um funcionário do banco.

Agências digitais

Na pauta também constam reivindicações específicas sobre as agências digitais e sobre novas tecnologias. Relativamente novo no setor bancário, o tema contém muitos aspectos a serem regulamentados.

Luta contra as reformas trabalhista e da Previdência



Diante da ameaçadora conjuntura política e econômica, com as flagrantes ameaças aos direitos da classe trabalhadora patrocinadas pelo governo Temer, os bancários também estão mobilizados contra retrocessos que podem significar até mesmo o fim de conquistas históricas. Nesse sentido, vão reforçar a luta contra as já anunciadas reformas da Previdência e da CLT. 

Para o Sindicato, esses ataques são a comprovação de que os empresários financiaram o golpe e agora cobram a fatura – dos trabalhadores. 

Fonte: SEEB/Brasília - Da Redação


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