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24 de Novembro de 2015 às 13:47

Mesmo com lucros recordes, bancos fecham 6.319 postos de trabalho de janeiro a outubro

Principais responsáveis pelo saldo negativo de emprego na categoria foram os planos de aposentadoria antecipada do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal


Apesar dos lucros recordes, os bancos privados e públicos que operam no Brasil fecharam 6.319 postos de trabalho entre janeiro e outubro de 2015. Esse saldo negativo deve-se principalmente aos planos de aposentadoria antecipada implementados este ano pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal. É o que mostra estudo elaborado pela seção do Dieese da Contraf-CUT, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

No BB, saíram no plano de aposentadoria antecipada 3.069 funcionários nesse período. E na Caixa, 2.356.

Apenas quatro estados apresentaram salto positivo de emprego nesse período, dos quais três estão na base da Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN): Pará, com a abertura de 132 novas vagas nos primeiros dez meses do ano; Mato Grosso, com 74; e Roraima, com 14. O Maranhão é o quarto estado com criação de postos de trabalho. Veja na tabela abaixo.

Saldo do emprego bancário por estado, janeiro/outubro de 2015

 

 

 “É um absurdo os bancos brasileiros, com esses lucros gigantescos, fecharem postos de trabalho num momento em que a economia do país precisa reagir para a voltar a crescer. Isso é mais grave quando a maior quantidade de fechamento de postos de trabalho ocorre nos dois grandes bancos públicos federais, onde a pressão por metas está insuportável e os bancários estão sobrecarregados ao extremos, aumentando a quantidade de adoecimentos”, critica José Avelino, presidente da Fetec-CUT/CN.

Do total de desligamentos, praticamente a metade (47%) foi a pedido do próprio trabalhador. Outros 45% foram por demissão sem justa causa. Segundo o Dieese, o fato de os desligamentos a pedido superarem a dispensa sem justa causa deve-se à adesão de bancários aos planos de aposentadoria da Caixa e do Banco do Brasil.

“O pedido de demissão é uma demonstração de que os bancários não aguentam mais tanta pressão para atingir metas abusivas e o assédio moral”, acrescenta Avelino.

 

Rotatividade achata salários

O saldo negativo de emprego do período resultou de 27.503 admissões contra 33.822 desligamentos, como mostra a tabela abaixo. A análise por Setor de Atividade Econômica (CNAE) revela que os cortes de empregos estão concentrados nos Bancos Múltiplos com Carteira Comercial, categoria que engloba grandes instituições como Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e HSBC, que fecharam 3.980 postos de trabalho. A Caixa fechou 2.356 postos de trabalho em decorrência do Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA).

A renda média dos bancários admitidos entre janeiro e outubro de 2015 foi de R$ 3.507,23, o que representa 56,1% a menos que a renda média dos trabalhadores desligados, que foi de R$ 6.246,41. “Ou seja, a rotatividade continua sendo um instrumento perverso dos bancos para reduzir a massa salarial da categoria”, denuncia o presidente da Fetec-CUT/CN.

Saldo do emprego bancário por setor – janeiro a outubro de 2015 

 

 

 Mulheres já entram ganhando menos

As 13.056 mulheres contratadas pelos bancos entre janeiro e outubro foram admitidas com uma remuneração média de R$ 3.121,93, o que corresponde a 81,0% da remuneração média auferida pelos homens contratados no mesmo período, que foi de R$ 3.855,43.

A diferença de remuneração entre homens e mulheres é maior na demissão. As mulheres que tiveram o vínculo de emprego rompido nos bancos entre janeiro e outubro deste ano recebiam R$ 5.376,29, que representou 76,5% da remuneração média dos homens desligados dos bancos, de R$ 7.029,89, conforme a tabela abaixo.

Remuneração média dos admitidos e desligados por sexo (jan-out/2015)

 

Fonte: Fetec-CUT/CN


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