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5 de Julho de 2017 às 08:54

Bancos pressionam senadores. Bancários devem ampliar pressão para barrar contrarreformas

Sistema financeiro vem a público exigir reforma trabalhista como pagamento pelo apoio ao golpe. Fetec-CUT/CN orienta pressionar os senadores no Congresso e em seus estados


Sempre agindo nos bastidores para impor a todos os níveis de poder o ideário neoliberal e defender seus interesses, como no caso da terceirização, o sistema financeiro abandonou a discrição e subiu ao palco para pressionar escancaradamente o governo federal e o Congresso Nacional a aprovarem as reformas trabalhista e da previdência pública. Para a Federação Nacional dos Bancários do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), essa é mais uma razão para a categoria bancária e a classe trabalhadora em geral intensificar a mobilização e também pressionar os senadores em seus estados a votarem contra a reforma trabalhista, que deve ir a plenário no Senado na terça-feira 11 de julho depois de aprovado o rito de urgência nesta terça 4.

Dois fatos atestam a ofensiva dos bancos para aprovar as contrarreformas de Temer. No domingo 2, Roberto Setubal, dono do Itaú, o maior banco privado do país, escreveu o artigo ”A importância da reforma trabalhista” na Folha de São Paulo, atacando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a Justiça do Trabalho. E no dia 14 de junho o Santander publicou um documento elaborado pelo economista-chefe Maurício Molan e pelo economista Rodolfo Margato, com 11 páginas, reclamando do custo da legislação trabalhista para o empregador no Brasil.

Justamente os dois bancos que acabam de receber benesses do Estado. O Itaú teve uma dívida de R$ 25 bilhões junto à Receita Federal perdoada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e o Santander foi presenteado com a anulação de uma dívida de R$ 338 milhões, referente Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).

“Isso é um escárnio ao povo brasileiro e à democracia. É dinheiro do Tesouro Nacional que está sendo desviado para os bancos, detentores dos mais lucros da economia nacional em razão das indecentes taxas de juros e tarifas que cobram no Brasil e da exploração de seus trabalhadores e de toda a sociedade”, denuncia Cleiton dos Santos, presidente da Fetec-CUT/CN.

“O sistema financeiro está sendo recompensado pelo apoio que deu ao golpe que colocou no poder um presidente ilegítimo e corrupto. E os bancos querem muito mais, exigem a aprovação das contrarreformas que vão aumentar ainda mais seus lucros e dos rentistas e empresários, destruindo direitos da classe trabalhadora conquistados em um século de lutas”, acrescenta Cleiton.

“Em resposta a esse roubo, os bancários e os trabalhadores em geral precisam aumentar a mobilização e pressionar os senadores, tanto no Congresso Nacional como junto às suas bases eleitorais nos estados, a votarem contra a reforma trabalhista”, orienta o presidente da Fetec-CUT/CN.

Entre na plataforma ‘Na Pressão’ (napressao.org.br), uma ferramenta lançada pela CUT Nacional para cobrar autoridades como parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Itaú

Não é de hoje que Setúbal detona a CLT, a Justiça do Trabalho e os direitos dos trabalhadores. O homem poderoso do Itaú vem disparando ataques contra a legislação trabalhista pelo menos desde o ano passado, apesar de ter obtido um lucro de R$ 21,6 bilhões.

Setúbal afirma que “a mudança proposta tem como principal objetivo a modernização das relações laborais. Ela está baseada na flexibilização das rígidas normas hoje estabelecidas pela CLT e pelas várias súmulas do TST que interpretam e detalham os vários artigos dessa lei, principalmente de questões relacionadas à jornada de serviço”.

Cleiton dos Santos discorda. “A CLT foi atualizada em 80% dos seus artigos desde que foi criada, em 1943, pelo presidente Getúlio Vargas. O Brasil chegou em 2014 à situação de pleno emprego e a CLT não foi empecilho.”

Para Setúbal, “essas mudanças, somadas à terceirização, já aprovada pelo Congresso, criam espaço para aumentar a eficiência e competitividade das empresas, o que deverá levar a uma maior oferta de emprego”.

O presidente da Fetec-CUT/CN rebate “a conversa fiada do banqueiro”, dizendo que geração de postos de trabalho depende de crescimento econômico. “Uma empresa contrata quando possui demanda para produzir ou vender. Ele devia saber que rebaixar salários e direitos é dar um tiro no pé, pois o trabalhador terá menos poder de compra para consumir e fazer a economia crescer.”

Fetec-CUT/CN, com CUT-RS


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