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29 de Julho de 2016 às 18:45

"Trabalhadores precisam pensar fórmulas novas para enfrentar as mudanças do modelo econômico", diz Belluzo

Junto com o professor Ladislau Dowbor, economista da Unicamp fala no 1º painel do Seminário ‘Sistema Financeiro e Sociedade’, na abertura da 18ª Conferência Nacional


Crédito: Fetec-CUT/CN
Dirigentes do Centro Norte participaram do seminário

São Paulo - Antes da abertura solene da 18ª Conferência Nacional dos Bancários 2016, que acontece em São Paulo, entre os dias 29 e 31 de julho, bancárias e bancários de todo o país participaram do Seminário ‘Sistema Financeiro e Sociedade’. Realizado pela Contraf-CUT, o evento contou com a presença de personalidades do cenário político e de movimentos sociais e sindicais.

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Participaram da exposição do primeiro painel “Transformações no Sistema Financeiro e seus impactos no Mundo do Trabalho”, os professores e economistas, Luiz Gonzaga Belluzzo e Ladislau Dowbor.

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A derrocada do Capitalismo

O economista e professor da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo fez uma breve análise do mercado financeiro mundial, a partir da década de 1980, com destaque para o crescimento da China, maior exportadora mundial de manufaturas nos dias de hoje. Ao relatar os movimentos do capital financeiro nos últimos 40 anos, assim como a realocação dos investimentos produtivos e as mudanças decorrentes do fluxo de comércio, Belluzzo apontou os efeitos dessas transformações na vida das pessoas e falou da derrocada do Capitalismo. 

“Estamos assistindo a uma transformação muito profunda e a questão que se coloca é: o que vai acontecer com a vida dos trabalhadores com a derrocada de um sistema econômico que já acabou?”, explicou. “O Capitalismo criou a possibilidade da abundância, mas sem que ela possa se realizar de fato dentro das atuais condições; criou uma riqueza material enorme, mas com um custo ecológico gigante e uma perda humana imensurável”, acrescentou.

Para o economista, diante disso, o que se discute no mundo inteiro atualmente é a redução da jornada de trabalho, a criação de uma renda básica de sobrevivência para as pessoas e a redefinição das relações sociais e econômicas. “E não adianta recorrer a fórmulas velhas. É preciso pensar como vai ser o Socialismo do século XXI. E terá que ser o Socialismo da liberdade, da diversidade e da igualdade”, concluiu.

                              

O Sistema Financeiro que herdamos


O professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo- PUC SP, Ladislau Dowbor, falou sobre os impactos do atual modelo do sistema financeiro no Brasil.

Dowbor iniciou sua explanação citando o artigo 192 da Constituição Federal que estabelece que  o sistema financeiro nacional deve estar “estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do país e a servir aos interesses da coletividade”.  No entanto, segundo o professor, o que se vê é exatamente o contrário. “É um absurdo o sistema financeiro que nós herdamos”, destaca. 

Conforme ele, a economia brasileira está estagnando, porque o sistema de intermediação financeira trava os quatros motores da economia: as exportações, as demandas das famílias, investimentos empresariais e estatais.

Além de travar a demanda das famílias, os juros extorsivos cobrados pelos bancos no Brasil impedem que os empresários privados recorram ao crédito. “As taxas de juros são surrealistas. Enquanto na Europa os juros do crediário chegam a 13% ao ano, no Brasil é de 105% ao ano. As famílias estão pagando mais que o dobro quando compram a prazo”, avalia Dowbor.

O professor da PUC avalia que o Brasil não está estruturalmente ruim e que nos últimos anos teve avanços significativos, mas o país sofre com o ataque do sistema financeiro, que trava o sistema econômico. “Não tem economia que possa funcionar com esses juros extorsivos”, destacou.

Dowbor criticou também o rentismo. "Os bancos não investem. Hoje, o rentista se tornou o principal ‘chupador’ de riquezas do país, aquele que trava a economia e coloca a culpa nas costas do governo. Desde que o governo de Dilma Rousseff tentou reduzir esse dreno da economia, reduzindo as taxas de juros, começou a guerra e de 2014 pra cá, ela não teve um dia para governar".

Dowbor convocou a categoria bancária a se apropriar do debate sobre como resgatar o sistema financeiro para que efetivamente funcione como fomentador da economia.

 

Seminário antecede a 18ª Conferência Nacional dos Bancários 2016

A mesa do primeiro painel, coordenada pelo secretário-geral da Contraf-CUT, Carlos de Souza, contou com a presença do presidente do Sindicato dos Bancários de Piauí, Arimateia Passos, da presidenta do Sindicato dos Bancários de Sergipe, Ivania Pereira, do coordenador da Fetec/SC, Jacir Zimmer,  e da presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará e secretária de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT, Rosalina Amorim.

O secretário-geral da Contraf-CUT, Carlos de Souza, disse que o objetivo do Seminário é ampliar o debate sobre sistema financeiro tanto no campo acadêmico quanto político.  “Esse é um momento fundamental no processo de qualificação dos debates e organização da categoria bancária”, enfatizou.

O Seminário, realizado no Hotel Holiday Inn – Parque Anhembi, em São Paulo, antecede a 18ª Conferência Nacional dos Bancários 2016, que acontecerá de 29 a 31 de julho.

No período da tarde acontece a exposição de outros dois painéis: “Novas Ofensivas aos Direitos dos Trabalhadores” e “O Brasil que Queremos”, com a presença do ex-presidente da República Federativa do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Fonte: Rede Nacional de Comunicação dos Bancários


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