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11 de Junho de 2019 às 15:42

Sem luta contra privatização da Caixa não adianta negociação de itens pontuais, diz Rita Serrano

Representante eleita no CA da Caixa destaca que a prioridade dos empregados do banco tem de ser a luta contra o processo de privatização da empresa e de todo o patrimônio público


Crédito: Reprodução

Não adianta os empregados da Caixa Econômica Federal continuarem com as negociações pontuais dos itens específicos com a direção do banco se não houver uma forte mobilização dos bancários contra o processo de privatização da empresa. A afirmação foi feita pela representante eleita pelos empregados no Conselho de Administração da instituição, Rita Serrano, durante o Encontro Estadual dos Empregados da Caixa, no Rio de Janeiro (RJ), neste sábado (8), no auditório do Sindicato dos Bancários. Ela também é membro titular do Conselho Fiscal da Fenae.

“Para defender a Funcef e o Saúde Caixa, é preciso garantir a existência da Caixa como banco público. Se o banco for privatizado acaba tudo, não adianta manter apenas as negociações pontuais”, disse Rita. Ela lembrou ainda que mesmo os trabalhadores que já estão aposentados pelo fundo de pensão, ao contrário do que imaginam, não estão com seus direitos garantidos. “Vejam como exemplo o caso da Varig, em que os trabalhadores perderam tudo, todos os direitos que tinham em seu fundo de pensão”, alertou.

Pressão e autoritarismo

No encontro do Rio, Rita Serrano disse ainda que que o cenário para os empregados no atual governo é de extremo autoritarismo. “O grau de pressão e de decisões autoritárias é violento no banco. Não dá para esperar nada de bom na atual conjuntura”, acrescenta, ao se referir às transferências de trabalhadores feita de forma unilateral pela empresa para pressionar os bancários a aderir ao Plano de Demissão Voluntária (PDV) do banco. Lembrou ainda que o embate tem sido difícil, já que no Conselho de Administração da Caixa são sete representantes da direção da empresa e apenas ela representa os trabalhadores.

Rita Serrano criticou ainda o fatiamento da Caixa como parte do processo de privatização e observou que dois ativos já estão sendo vendidos ao mercado, sendo que serão ao todo pelo menos quatro ainda este ano. Alertou sobre a necessidade da CEE/Caixa cobrar sobre o grande número de empregados que estão sendo demitidos por justa causa.

“Se este processo continuar não vai sobrar nada do banco como instituição pública. Se alguém tinha alguma ilusão em relação à reestruturação, agora não tem mais. Está muito claro que o esvaziamento e a descapitalização da empresa têm por objetivo a privatização da Caixa”, destacou.

Mobilização é a saída

Apesar do contexto adverso para os trabalhadores, a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Caixa apontou uma saída: a mobilização. Afirmou que a história mostra que a mudança é possível quando há capacidade de organização dos trabalhadores para reagir e lutar.

“Nossa história de organização não é de derrotas, mas de vitórias. Se não fosse a nossa luta, não teríamos resistidos ao projeto privatista dos governos Collor e FHC. No último período conseguimos, durante três anos consecutivos, impedir que a Caixa se tornasse uma empresa S/A”, relembrou.

Rita Serrano disse ainda que a população tem apego a marcas de empresas públicas e estatais importantes, como a Caixa, o Banco do Brasil e a Petrobras. Criticou também todo o chamado processo de “reestruturação do banco”, na verdade, um desmonte para promover a privatização.

Ameaça aos bancos públicos

Em relação aos bancos públicos e a outras empresas estatais, Rita Serrano avaliou que o projeto de desmonte é o mesmo para todo o setor público, tanto para a Previdência social quanto para o Sistema Único de Saúde (SUS) e a assistência social, através da capitalização e outros tipos de privatização, como os cortes na educação e venda de todas as estatais, a exemplo da Caixa e do BB.

Apesar do cenário sombrio, a representante eleita no CA da Caixa considerou ser fundamental a população saber como será prejudicada caso passem as privatizações, já que o setor privado está interessado apenas em lucrar cada vez mais e não em investir para reduzir as desigualdades sociais. "É preciso, ainda, debater e obter o apoio de prefeitos e parlamentares dos estados e municípios, alertando para os efeitos nocivos deste desmonte”, defendeu.

Rita Serrano lembrou que, segundo pesquisa do Instituto DataFolha, 70% da população é contra a privatização de estatais. Pesquisas também mostram que bancos públicos como a Caixa e o BB são os mais lembrados pela população, seja pela sua existência centenária e mesmo com o desmonte e redução do número de funcionários. Isso mostra a relação histórica e a importância destas instituições para o povo brasileiro.

Fonte: Fenae


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