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2 de Setembro de 2015 às 11:07

Sem avanços, negociação sobre saúde e condições de trabalho continua nesta quinta


Crédito: Fetec-CUT/CN
A Fetec-CUT/CN foi representada na segunda rodada específica de negociação  com a Fenaban por dois presidentes de sindicatos filiados: José Pinheiro (SEEB/Rondônia) e  José Guerra (SEEB/Mato Grosso)
 

O Comando Nacional dos Bancários, do qual a Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN) é integrante, iniciou nesta quarta-feira 2 a segunda rodada de negociações da Campanha 2015 com a Fenaban, focando o tema saúde e condições de trabalho. Não houve avanço na negociação, que continua nesta quinta-feira 3, também incluindo o tema segurança bancária.

O Comando Nacional reafirmou as reivindicações aprovadas pelos bancários na Conferência Nacional, no sentido de barrar o massacre contra os trabalhadores imposto pelos bancos na busca de mais produção e lucros, visando melhorar as condições de trabalho e preservar a saúde, o que necessariamente passa pelo fim das metas abusivas e do assédio moral.

“Mas não teve nenhum avanço nas negociações de hoje e os negociadores dos bancos ainda fizeram provocação na mesa, afirmando que os bancários gostam de meta individual. Insistimos nas nossas reivindicações sobre saúde e condições de trabalho e esperamos que possamos avançar nas negociações desta quinta-feira”, avalia José Guerra, representante da Fetec-CUT/CN no Comando Nacional e presidente do Sindicato de Mato Grosso.

“Fruto dos avanços nas campanhas anteriores, mostramos aos representantes dos bancos os dados oficiais da Previdência comprovando que as metas abusivas estão provocando uma epidemia de adoecimentos na categoria, que está atingindo principalmente as gerências. Dos afastamentos por doenças nos bancos, 29% são de gerentes comerciais, e 52% desses afastamentos são por transtornos mentais. Temos que solucionar esse grave problema nesta campanha nacional. Não dá para adiar a solução que envolve a saúde dos trabalhadores”, acrescenta José Pinheiro, também representante da Fetec-CUT/CN e presidente do Sindicato de Rondônia.

 

Aumentam os adoecimentos nos bancos

A preocupação dos bancários com a saúde e condições de trabalho ficou mais uma vez comprovada pelos resultados da consulta que o Comando Nacional realizou como subsídio para a construção da pauta de reivindicações da Campanha2015.

Dos 48.109 bancários que responderam ao questionário distribuído pelos sindicatos, 41% disseram que o combate ao assédio moral deve ser prioridade da campanha deste ano e 35% escolheram o fim das metas abusivas.

Os dados epidemiológicos do INSS mostram que está aumentando o número de afastamentos do trabalho por adoecimentos nos segmentos econômicos em geral, mas a situação é mais grave no sistema financeiro. Compare na tabela abaixo. A quantidade de benefícios previdenciários e acidentários entre 2009 (quando o levantamento começou a ser realizado com essa metodologia) e 2013 (último ano com dados disponíveis) cresceu 19,4% nos demais setores da economia, enquanto nos bancos houve um salto de 70,5%.

Os bancos falam em gestão de pessoas, mas o que percebemos é a gestão do lucro, que faz mal à saúde e adoece os bancários. Para mudar essa realidade, vamos procurar fazer um debate profundo sobre a saúde dos bancários, buscando discutir o fim do sufoco e da pressão que a categoria é obrigada a enfrentar no cotidiano dos bancos e defender o atendimento da pauta de reivindicações aprovada na 16ª Conferência Nacional

 

Doenças de origem psíquica crescem mais

Entre os bancários, as doenças mentais já superam os casos de LER/Dort (Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho). Do total de auxílios-doença acidentários registrados pelo INSS em 2013, 52,7% tiveram como causas principais os transtornos mentais e do sistema nervoso. 

Isso significa dizer que de cada dez bancários doentes, cinco são por aluma doença de origem psíquica. Ao comparar os dados 2009 até 2013, os casos de doenças do sistema nervoso e transtornos mentais e comportamentais cresceram 64,28%, saltando de 3.466 para 5.694.

As LER/Dort aparecem como a segunda causa de afastamentos da categoria. Os números também são altíssimos e não param de crescer. Foram 4.589 benefícios acidentários e previdenciários concedidos a bancários pelo INSS só em 2013. Os afastamentos do trabalho causados por LER/Dort tiveram um crescimento de 27,54% nos últimos cinco anos. Em 2009 eram 3.598 casos.

 

Fim das metas abusivas e do assédio moral

O Comando Nacional dos Bancários também destacou a convenção 161 da OIT, que tem o Brasil como signatário, estabelecendo objetivos, princípios e diretrizes de uma política nacional de saúde a partir do diálogo social com os trabalhadores. Os bancários reivindicam que as metas sejam estabelecidas com a participação dos trabalhadores, com critérios para a estipulação, levando em conta o porte da unidade, a região de localização, número de empregados e carteira de clientes.

"Os bancos continuam a dizendo que as metas são expectativa de resultados e fazem parte da gestão. Mas o que vemos é uma relação direta com a avaliação de desempenho. Os bancários se sentem pressionados e obrigados a cumprir a meta a qualquer preço. Eles ficam angustiados e estressados para conseguir resultados e adoecem num ambiente de trabalho extremamente competitivo", disse Roberto Von der Osten, presidente da Contraf-CUT. 

Durante a negociação, o Comando Nacional reivindicou o aprimoramento do instrumento de prevenção e combate ao assédio moral, uma conquista da campanha de 2011. O movimento sindical acredita que o tempo de resolução dos casos precisa ser mais rápido. 

"Atualmente, os bancos têm 45 dias e durante este período assediador e assediado convivem no mesmo local de trabalho. Isso intensifica o quadro de depressão e de outras doenças pelo assédio. O tempo de apuração da denúncia tem que ser o menor possível", reivindicou o presidente da Contraf-CUT.

A negociação com a Fenaban continuam nesta quinta-feira (3) com as discussões sobre o GT do adoecimento, grupo de trabalho bipartite que tem a função de analisar as causas dos afastamentos dos empregados do ramo financeiro. Outra reivindicação dos bancários é a alteração da redação da cláusula do programa de "reabilitação" do trabalho, para "retorno" ao trabalho, já que reabilitação é uma atribuição do Estado e não pode ser executado pelas empresas, como os bancos têm feito. A extensão integral dos benefícios para os bancários afastados também está na pauta. 

Além das reivindicações de saúde e condições de trabalho, a segunda rodada também debaterá as demandas sobre segurança bancária.

 

Segurança bancária

O Comando Nacional reivindica melhores condições de segurança para bancários e clientes e assistência às vítimas de assaltos, sequestros e extorsão. Também estão na pauta a permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. O fim da revista íntima, ainda praticada por muitas agências no País. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários e extinção das tarifas para transferência de dinheiro via DOC e TED.

Levantamento realizado pela Contraf-CUT e pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), com apoio técnico do Dieese, aponta que 66 pessoas foram assassinadas em assaltos envolvendo bancos em 2014, uma média de 5,5 vítimas fatais por mês.

 

Fetec-CUT/CN se solidariza com bancários gaúchos

A Fetec-CUT/CN se solidariza com a Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS), que conseguiu na Justiça do Trabalho proibir a abertura de agências bancárias em todo o Estado por falta de policiamento ostensivo. Os funcionários públicos gaúchos estão em greve contra a decisão do governador José Ivo Sartori (PMDB) de cortar pagamento dos salários dos servidores.

A determinação da Justiça vale a partir desta quarta-feira, 02 de setembro. A Justiça também mandou oficiar o governador Sartori e o Ministério da Justiça para que avaliem a possibilidade de solicitar a participação da Força Segurança Nacional no policiamento efetivo dos municípios gaúchos.

Na negociação desta quarta-feira o Comando Nacional apresentou o problema à Fenaban e advertiu que se os bancos ignorarem a decisão judicial serão responsabilizados pelo que ocorrer. Mas os bancos ignoraram solenemente a questão.

Conheça aqui pauta geral de reivindicações dos bancários que foram apresentadas à Fenaban e as minutas específicas do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, ao Banco da Amazônia e do Banpará.

 

Fonte: Fetec-CUT/CN com Contraf-CUT 


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