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9 de Maio de 2019 às 13:11

Retrocesso na função dos bancos públicos é discutido em Seminário

O desmantelamento das operações dos bancos estatais, o comportamento cíclico dos bancos privados e a importância das operações de crédito a longo prazo dos bancos públicos foram temas do encontro


Crédito: Reprodução

Brasília - Após o lançamento da Frente, as entidades realizaram o Seminário “Bancos Públicos e Desenvolvimento”, também no auditório Nereu Ramos. A mesa, mediada pela representante dos empregados da Caixa e diretora da Fenae, Rita Serrano, contou com a participação dos palestrantes e professores Luiz Fernando de Paula (UFRJ) e Paulo Fernando Cavalcanti Filho (UFPB), além do economista e ex- diretor técnico do Dieese, Sérgio Mendonça.

Professor do Instituto de Economia da UFRJ, Luiz Fernando de Paula, fez um panorama sobre o sistema financeiro com base no setor bancário e forte participação de bancos públicos - 53% do total de crédito em julho de 2018. O comportamento cíclico dos bancos privados e os altos custos de crédito foram outros assuntos da palestra.

"Os bancos públicos têm importância nas operações de crédito a longo prazo e comportamento anticíclico, dando sustentação ao crédito. Além disso, a função de procurar atenuar as desigualdades", considerou o especialista.

Já o professor do Departamento de Economia da UFPb, Paulo Fernando Cavalcanti, que foi coordenador-geral do Plano de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável da Paraíba, falou da importância dos bancos públicos na redução das desigualdades sociais. Ele esclareceu que nos anos 90 houve um processo acelerado de privatização de bancos estaduais e fusão de bancos privados regionais. "É uma tragédia para o estado nordeste no o fechamento dos bancos públicos estaduais. Isso impactou na capacidade de financiamento e crédito da região”.

A diretora da Fenae, Rita Serrano, avaliou a situação de desmantelamento dos bancos públicos a partir de suas operações. Ela ressaltou que os bancos públicos se destacam por conta do saldo em crédito habitacional, agrícola e no crédito que o BNDES concedia às empresas, mas que no último período houve uma drástica diminuição.

“Na prática, essa função pública dos bancos está se perdendo porque se adotou um modelo de gestão privada, de banco de resultado.  Agora, desmonte do Minha Casa Minha Vida, a diminuição da inserção do Banco do Brasil em crédito agrícola e descapitalização do o BNDES como estão fazendo, além dos bancos estaduais como BNB e Basa, esse saldo de crédito vai cair”, mencionou.

A hegemonia de pensamento econômico aponta os bancos públicos como ineficientes, fazendo com que haja um discurso único não fundamentado, como se não houvesse alternativa. Para o economista Sérgio Mendonça, o Seminário e a Frente mostram o esforço das entidades em fazer essa contra narrativa. “Por exemplo, o atual discurso é que se não houver reforma da previdência o Brasil acaba. É uma grande falácia”.

Para mostrar o processo de enfraquecimento do setor público foi apresentado um amplo relatório que mostrou que das 134 empresas estatais federais, há 46 sob controle direto e 88 sob controle indireto.

Fonte: Fenae


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