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21 de Agosto de 2017 às 19:21

Reformas acabarão com emprego e previdência, gerando legiões de miseráveis, diz diretor eleito da Previ


 O Brasil está vivendo um momento grave, especialmente para os trabalhadores. Há uma série de ações articuladas, que estão sendo aprovadas por um Congresso sem autoridade e sem moral, onde impera a compra de votos, visando beneficiar o capital e retirar direitos dos trabalhadores. Se a sociedade continuar sem reagir, o próximo passo será a aprovação da reforma da previdência social e a entrega da administração dos fundos de pensão aos bancos privados. Isso tudo acabará com os empregos formais e com a aposentadoria da maioria, aumentará a concentração da riqueza e gerará novas levas de miseráveis, levando o Brasil a um futuro sombrio.

Essa é, em síntese, a avaliação que o diretor eleito de Seguridade da Previ, Marcel Barros, fez em entrevista à TV Urbanitários do Distrito Federal. Veja no vídeo acima a íntegra da entrevista.

Marcel considera possível a aprovação da reforma da previdência, mesmo sendo um projeto de emenda complementar, que exige aprovação de dois terços do Congresso. “Infelizmente a sociedade brasileira, as entidades de representação, não têm se manifestado da forma como deviam”, afirma, referindo-se à ausência de resistência em relação às denúncias de corrupção contra o presidente e seu governo e à compra de votos no Congresso para aprovar as reformas exigidas pelo mercado.

“Esperamos que uma denúncia contundente possa diminuir o poder que o capital tem no momento pra comprar deputados, porque a presidência está comprada desde o impeachment. O atual presidente da República nada mais é que um mordomo do capital, tentando retirar direitos e concentrar mais renda”, avalia Marcel.

“Então, é muito provável, como vimos na liberação de verbas públicas por parte da presidência da República antes das votações, que possamos ter mais uma rodada de aumento de impostos, de retirada de direitos com o objetivo de comprar o voto dos deputados para aprovar a reforma da previdência, que é um objetivo do capital”, acrescenta na entrevista à TV Urbanitários DF.

‘Objetivo da reforma da previdência é desonerar o capital”

Para o diretor eleito de Seguridade da Previ, “o cerne do desequilíbrio das contas do governo, que é o regime próprio de previdência social, a aposentadoria dos servidores públicos de diversas instâncias, não está sendo mexido. Estão tirando direitos do regime geral e esse não é deficitário”.

Ao mesmo tempo, o governo foca na despesa e ignora a receita, sendo leniente com os devedores da parte de cima da pirâmide social. “Nada efetivamente está sendo feito para aumentar a arrecadação. Ao contrário.” Para Marcel, enquanto o trabalhador paga previdência durante 30 anos, 35 anos, os empresários que sonegaram, “em vez de serem cobrados pela dívida, estão sendo perdoados. É inadmissível. Aí é lógico que desequilibra. Se você respeitasse a Constituição e buscasse todas as fontes de receita, não teria desequilíbrio”.

Um exemplo recente: “O que acabamos de ver nas vésperas dessa compra de votos foram os ruralistas tendo perdão de dívidas com o Funrural da ordem de R$ 10 bilhões. Isso tem nome. É concentração de renda. Esses ruralistas deixaram de pagar ao erário público e se apoderaram desses recursos. Essas pessoas estão R$ 10 bilhões mais ricas e a sociedade brasileira R$ 10 bilhões mais pobre. Aí o governo tira esse recurso monstruoso da previdência e depois diz que ela é deficitária”.

Previdência pública acabará por inanição

Para Marcel Barros, a reforma trabalhista, a lei da terceirização e a reforma da previdência trarão graves problemas para o futuro do Brasil.

“A forma como foi alterada a CLT, que incentiva o trabalho informal, o trabalhador não terá vínculo empregatício e portanto a empresa não vai recolher contribuição para previdência e ele não terá obrigação de contribuir. Dependendo da receita dele, ele também não terá como fazer uma previdência privada. Ou seja, quando ele tiver uma idade em que já não tiver capacidade laboral, o que vai acontecer com essa pessoa?”, indaga.

As consequências: “Vamos criar novas legiões de miseráveis, de pessoas que não têm condição de trabalho, sem capacidade de sobrevivência e que não fizeram poupança. E aí não haverá mais previdência social. Porque a previdência está condenada, não só por causa da reforma que o governo quer fazer, que está olhando apenas o lado da despesa – em vez de olhar o lado da receita -, mas também porque está tirando a possibilidade de mais empregos e mais pessoas contribuírem no futuro. Então ela vai acabar por inanição”.


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