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6 de Abril de 2018 às 19:35

Prisão de Lula marca abertura do 5º Congresso Nacional da Contraf-CUT

Todos os discursos revelaram a indignação dos trabalhadores com a postura do judiciário brasileiro. Depois da abertura, delegados foram à vigília no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em resistência à prisão


A revolta pela prisão do presidente Lula deu o tom da abertura oficial do 5º Congresso Nacional da Contraf-CUT, na noite desta sexta-feira (6), no Wyndham Garden Convention Nortel – Espaço Immensità, em São Paulo. Antes mesmo da cerimônia, durante a aprovação do regimento interno do Congresso – que foi aprovado por unanimidade com alterações sugeridas pela mesa –, os delegados votaram pela ida a São Bernardo do Campo, para participar da vigília em apoio ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ainda na noite de sexta.

Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT, agradeceu o apoio da delegação internacional, das federações, dos sindicatos, das forças políticas que compõem a Contraf-CUT, e de todos que estão aqui e de todos que já estão no ABC prestando solidariedade a Lula. “Não podíamos deixar de falar sobre o momento que vivemos, um momento que é único. Achávamos que com a nossa luta de dirigentes do movimento, de agentes da política, e lutadores do povo que a democracia estava consolidada no Brasil. Estávamos enganados, por isso, fizemos essa abertura sob forte comoção. Estamos movidos pela tristeza, com coração apertado. Estamos vendo o desfecho do golpe, do judiciário, com as elites e a mídia golpista. Esse golpe fechou a mão em cima da democracia e do povo brasileiro, atacando o símbolo da democracia. Eles têm a necessidade da destruição da imagem do Lula, um operário, nordestino, que mudou o Brasil. Lula representa o modelo de Estado que o povo quer. O povo diz isso nas pesquisas. As elites sabem disso, querem algemar, colocá-lo na cadeia. Se construiu uma narrativa para destruir um modelo de sociedade que o Lula representa e, por isso, nós também estamos ameaçados. Vivemos num Brasil onde generais ameaçam, fascistas de novo podem agredir e atirar na gente sob olhar complacente da Justiça. Esse momento traz pra nós a necessidade de reorganização. Nós devemos nos unificar e repensar a luta, acender a chama de esperança e por isso estamos aqui, abrindo mão da nossa abertura formal para transferir a nossa abertura para o mundo real. Nós queremos Lula presidente e Lula livre conosco, subindo aquela rampa e, agora sim, tomando o poder para nunca mais o entregar para essas elites. Eleição sem Lula é fraude, Lula presidente, Lula lá, Lula já, Lula livre.”

Juvandia Moreira, vice-presidenta da Contraf-CUT, lamentou o triste momento que vivemos no Brasil. “Eu costumava dizer que estamos em um Estado de exceção travestido de democracia. Mas a realidade é que estamos num Estado de exceção, no qual tiraram a presidenta Dilma, eleita democraticamente, para impor um projeto de governo que foi rejeitado nas urnas e será rejeitado novamente.”

Juvandia reforçou a dificuldade do cenário em que o Congresso está sendo realizado. “Muito difícil, mas temos que estar aqui e trabalhar duro para mostrar a nossa disposição de luta, em defesa da soberania nacional, que não para de ser atacada.”

A vice-presidenta da Contraf-CUT pediu licença para citar uma fala de Lula. “Ele está sendo perseguido, foi condenado sem nenhuma prova, pois está liderando todas as pesquisas e a elite sabe que se ele disputar, ele ganha as eleições. É o que ele representa que ganha as eleições, um Estado de inclusão, que tem de respeitar a soberania popular e por isso temos de lutar, pois o Lula está sendo preso por defender o Estado que defendemos e queremos. Ele diz assim: ‘querem me prender para calar a minha voz, mas eu falarei pela voz de vocês, querem me prender para eu não andar, mas eu andarei pelas pernas de vocês, querem me prender para eu não pensar, mas eu pensarei para a cabeças de vocês. E se meu coração parar, ele baterá pelo coração de vocês.’”

Antes de finalizar, ela revelou que está sentindo uma tristeza muito grande. “Uma tristeza que nos indigna, mas também que nos impulsiona a lutar, que vai nos fazer vencer. Essa é a tristeza que eu escolhi, por isso, vamos à luta e à vitória. A luta a gente vai vencer se a gente for a fala do Lula, se a gente for a ideia do Lula, as ideias que ele sempre defendeu.”

Para Rubén Cortina, presidente da Uni Américas, hoje é um dia vergonhoso para a democracia, um dia triste para todos nós. Mas, isso não quer dizer que não seja um dia de luta. “Podemos estar tristes, mas temos força para lutar. Eu quero dizer que, nós da Uni Américas, estamos juntos com o companheiro Lula da Silva. Ao visitá-lo hoje, pude ver um rosto triste, mas também um companheiro que já enfrentou muitas lutas e retrocessos num país que caminha para a direita. O ramo financeiro é uma organização fortalecida, que vai triunfar nos próximos movimentos sociais e populares dos países da América Latina nesta fase negativa.”

“Agradecemos o convite para participar deste Congresso, não de forma pessoal, mas em nome de todos os trabalhadores da Argentina. Por estarmos aqui pudemos dar um abraço fraternal no companheiro Lula. Podemos dizer com toda certeza que a Argentina não está divida. A grande maioria dos argentinos apoia Lula por ele ter tirado milhares e milhares de brasileiros da pobreza. Nós argentinos somos conscientes de que Lula é favor dos mais pobres e vulneráveis. Não há nada que possa derrotar os sonhos da maioria do povo da América Latina. Se não perdermos esses sonhos, apesar das tristezas, manteremos a convicção de que uma sociedade mais justa é possível” disse o Secretário Geral da CGT da Argentina, Hector Daer.

“Apesar de nossas diferenças no futebol, cada vez que falamos dos brasileiros, fazemos isso com alegria. Hoje, não devemos falar em tristeza, pois tristeza se combate com fortaleza. Temos que ter essa fortaleza e reivindicar com o companheiro Lula uma sociedade mais justa”, completou o secretário geral da CGT da Argentina.

Com o tema Defesa da Democracia, da Soberania Nacional e dos Direitos, o Congresso irá definir a nova direção executiva e seus suplentes, o conselho fiscal e seus suplentes e o conselho diretivo da Contraf-CUT. Os delegados eleitos em seus sindicatos debaterão ainda, até domingo (8), alterações Estatutárias e a linha política e organizativa da Confederação.

Programação

O 5º Congresso prossegue neste sábado, com a seguinte programação:

7 de abril de 2018 – Sábado

8h às 9h - CREDENCIAMENTO DE DELEGADOS E DELEGADAS

8h30 às 9h30 - PRAZO PARA INSCRIÇÃO DE CHAPAS

8h30 às 18h - PRAZO PARA INSCRIÇÃO DE MOÇÕES

9h às 9h30 – CREDENCIAMENTO DE SUPLENTES E ENCERRAMENTO DO CREDENCIAMENTO

9h30 às 10h30 – ELEIÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA E SEUS SUPLENTES, CONSELHO FISCAL EFETIVO E SEUS SUPLENTES E CONSELHO DIRETIVO

10h30 às 13h – EIXO 1 – DESAFIOS DOS TRABALHADORES EM 2018

13h às 14h – ALMOÇO

14h às 16h – EIXO 2 – FUTURO DO TRABALHO FRENTE AOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS

16h às 18h – EIXO 3 – O BRASIL QUE QUEREMOS/REFORMAS QUE NECESSITAMOS

18h às 19h – LANÇAMENTO DE LIVROS

8 de abril de 2018 – Domingo


9h30 às 12h – EIXO 4 – PROJETO ORGANIZATIVO DO RAMO

12h às 13h30 – PLANO DE LUTAS COM BASE NOS DEBATES EIXOS 1 A 4

13h30 às 14h – APRESENTAÇÃO DE MOÇÕES

 

Fonte: Contraf-CUT


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