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22 de Maio de 2018 às 08:00

Mesmo com os lucros recordes, bancos fecham 2.347 postos de trabalho de janeiro a abril de 2018

Na região Centro-Norte, foram eliminados 326 empregos no sistema financeiro nesse período, segundo estudo Dieese-Contraf-CUT


Apesar dos lucros recordes, os bancos privados e públicos que operam no Brasil fecharam 2.347 postos de trabalho no Brasil entre janeiro e abril de 2018. Desse total, 326 empregos foram eliminados na região Centro-Norte. É o que mostra nova rodada do estudo elaborado pela seção do Dieese da Contraf-CUT, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

“Somente os cinco maiores bancos do país tiveram lucro líquido de R$ 77,4 bilhões no ano passado e mais R$ 17 bilhões apenas no primeiro trimestre de 2018, mesmo em uma conjuntura de crise que está devastando a economia e produziu quase 14 milhões de desempregados. Portanto, não há razão para essas demissões nos bancos. Por isso, a preservação do emprego será uma das prioridades da Campanha Nacional deste ano, como nós bancários do Centro-Norte já definimos em nossa Conferência Regional e vamos levar como proposta para a Conferência Nacional”, afirma Cleiton dos Santos, presidente da Fetec-CUT/CN.

O saldo negativo de emprego do período resultou de 6.607,35 admissões contra 11.280 desligamentos. Do total de fechamento de postos de trabalho, 326 ocorreram na região Centro-Norte, sendo que quase a metade somente no Distrito Federal, com 157 demissões. Em três Estados da região houve saldo positivo de geração de emprego: 95 no Pará, 7 em Roraima e 1 no Amapá.

Confira aqui os gráficos e quados no estudo do Dieese/Contraf-CUT.

Primeiros reflexos da reforma trabalhista

As demissões sem justa causa representaram 51,1% do total de desligamentos no setor bancário entre janeiro e abril de 2018. As saídas a pedido do trabalhador representaram 41,4% dos tipos de desligamento. Nesse período foram registrados, ainda, 18 casos de demissão por acordo entre empregado e empregador. Essa modalidade de demissão foi criada com a aprovação da reforma trabalhista (Lei 13.467/2017), que entrou em vigor em novembro de 2017. Os empregados que saíram do emprego nessa modalidade apresentaram remuneração média de R$ 8.120,83.

 Número de Desligados e valor da remuneração média por tipo de desligamentoBrasil – janeiro a abril de 2018

Tipo de Desligamento

Desligados

Nº de trabalhadores

Part. (%)

Rem. Média
(em R$)

Desligamento por Demissão sem Justa Causa

5.769

51,1%

6.880,56

Desligamento por Demissão com Justa Causa

378

3,4%

4.850,01

Desligamento a Pedido

4.665

41,4%

6.785,23

Desligamento por Aposentadoria

48

0,4%

6.532,02

Desligamento por Morte

64

0,6%

6.940,27

Desligamento por Término de Contrato

80

0,7%

2.871,48

Término Contrato Trabalho Prazo Determinado

258

2,3%

840,98

Desligamento por Acordo Empregado e Empregador

18

0,2%

8.120,83

Total

 11.280

100,00%

6.607,35

        Fonte: MTE/SPPE/DES/CGET-CAGED. Elaboração: Dieese – Rede Bancários

 
Rotatividade achata salários

Os bancos continuam concentrando suas contratações nas faixas etárias até 29 anos, em especial entre 18 e 24 anos. Foram criadas 3.301 vagas para trabalhadores até 29 anos. Acima de 30 anos, todas as faixas apresentaram saldo negativo (ao todo, -5.648 postos), com destaque para a faixa de 50 a 64 anos, com fechamento de 3.112 postos no período, conforme demonstra a Tabela.

A renda média dos bancários admitidos entre janeiro e abril foi de R$ 4.007,28, o que representa 60,6% a menos que a renda média dos trabalhadores desligados, que foi de R$ 6.607,35. “Ou seja, a rotatividade continua sendo um instrumento perverso dos bancos para reduzir a massa salarial da categoria”, denuncia o presidente da Fetec-CUT/CN. 

Admitidos e desligados, por faixa etáriaBrasil – janeiro a abril de 2018

Faixa Etária

Admitidos

Desligados

Saldo

Diferença da Rem. Média (%)

Nº de trabalhadores

Part. (%)

Rem. Média
(em R$)

Nº de trabalhadores

Part. (%)

Rem. Média
(em R$)

Até 17 anos

49

0,5%

913,39

10

0,1%

2.407,00

 39

37,9%

18 a 24 anos

3614

40,5%

2.650,30

874

7,7%

2.274,04

 2.740

116,5%

25 a 29 anos

2418

27,1%

3.698,71

1.896

16,8%

4.436,39

 522

83,4%

30 a 39 anos

2182

24,4%

5.286,01

3.467

30,7%

6.306,65

  -1.285

83,8%

40 a 49 anos

512

5,7%

7.912,11

1.684

14,9%

9.250,74

  -1.172

85,5%

50 a 64 anos

155

1,7%

10.513,84

3.267

29,0%

7.985,91

  -3.112

131,7%

65 ou mais

3

0,0%

5.293,67

82

0,7%

7.007,34

  -79

75,5%

Total

8.933

100,0%

4.007,28

11.280

100,0%

6.607,35

-2.347

60,6%

Fonte: MTE/SPPE/DES/CGET. Elaboração: Dieese – Rede Bancários

 
Mulheres já entram ganhando menos

As 4.341 mulheres contratadas pelos bancos entre janeiro e abril de 2018 foram admitidas com uma remuneração média de R$ 3.390,23, o que corresponde a 73,9% da remuneração média auferida pelos homens contratados no mesmo período, que foi de R$ 4.590,60.

A diferença de remuneração entre homens e mulheres é maior na demissão. As mulheres que tiveram o vínculo de emprego rompido nos bancos entre janeiro e outubro deste ano recebiam R$ 5.679,18, que representou 75,8% da remuneração média dos homens desligados dos bancos, de R$ 7.492,44, conforme a tabela abaixo. 

 

Rem. Média dos admitidos e desligados por sexoBrasil – janeiro a abril de 2018

 

Masculino

Feminino

Dif.% da
Rem. Média

Nº de trab.

Rem. Média
(em R$)

Nº de trab.

Rem. Média
(em R$)

Admitidos

4.592

4.590,60

4.341

3.390,23

73,9%

Desligados

5.774

7.492,44

5.506

5.679,18

75,8%

            Fonte: MTE/SPPE/DES/CGET. Elaboração: Dieese – Rede Bancários

 

 Fonte: Fetec-CUT/CN, com Contraf-CUT

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