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13 de Setembro de 2019 às 09:39

Funcef planeja investir no exterior?

Mesmo com risco cambial e instabilidade internacional, presidente da Fundação cogita investimentos fora do país. Previ investe 0,1% do patrimônio lá fora, mas obtém o dobro de rentabilidade com FIPs brasileiros


Rumores de que a Funcef começará a investir no exterior surgiram nos últimos dias. A fundação estaria planejando fazer isso, como disse o presidente da fundação, Renato Vilela, em reunião recente com dirigentes da Fenae. Na imprensa, consultorias têm estimulado fundos de pensão brasileiros a buscar mercados externos com a promessa de maiores rentabilidades, mas subestimam os riscos e ignoram os resultados gerados pelos empreendimentos nacionais. Enquanto isso, fundos de pensão estrangeiros buscam oportunidades no Brasil.

Consultores financeiros têm chamado atenção para o fato de que os fundos de pensão investem pouco lá fora. A Funcef mesmo, embora tenha em sua política de macroalocação 2018-2022, a previsão de destinação de 0,1% de recursos a investimentos no exterior, hoje não investe na modalidade. De maneira superficial, surgem as afirmações de que os EUA oferecem grande potencial de negócios, que a China está crescendo muito e que na Europa há muitas oportunidades, mas afinal, vale a pena? Que implicações essa operações podem trazer para os participantes?

Riscos também existem no exterior

A conjuntura internacional não está fácil. Os EUA seguem na direção da recessão. O Brexit abala as estruturas da União Europeia e coloca a Inglaterra em perspectiva duvidosa. Sem contar os riscos cambiais. Qualquer ganho obtido lá fora poderia ser comprometido por instabilidades monetárias.

Em entrevista recente ao Valor Econômico, um executivo da Schroders defendeu a internacionalização dos investimentos, mas admitiu que a recessão global e os desdobramentos da guerra comercial entre China e Estados Unidos trazem grandes riscos enquanto o mercado brasileiro oferece resultados positivos, ainda que com prêmios mais baixos.

“As consultorias criam a narrativa de que lá fora é melhor, é mais seguro, rende mais, afinal, a grama do vizinho é sempre melhor. Mas nossa indústria, nossos investimentos são sólidos e trazem melhores resultados”, afirma a diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus, que complemente. “Precisamos gerar empregos aqui, gerar riqueza aqui e os fundos de pensão têm essa capacidade”, diz.

Investimentos nacionais são mais rentáveis

A Previ, fundação do pessoal do Banco do Brasil tem cerca de R$ 180 milhões aplicados fora do país, segundo relatório de julho deste ano. O fundo de pensão tem 0,1% de seus ativos nessa modalidade.

O boletim de desempenho de julho do Plano 1 mostra que a rentabilidade acumulada em 2019 com os investimentos no exterior foi de 14,79%, enquanto a valorização dos investimentos estruturados brasileiros, os FIPs, chegou a 27,09%.

No Plano Previ Futuro, a rentabilidade acumulada em 2019 com os investimentos no exterior manteve o patamar de 14,79%. Já os FIPs nacionais trouxeram rentabilidade de 38,27% no mesmo período. A regulação brasileira determina que os fundos de pensão podem ter até 10% dos recursos dos planos alocados no mercado internacional.

Santo de casa não faz milagre

Outro ponto importante sobre o qual pouco se fala é que muitos fundos de pensão internacionais estão vindo buscar investimentos no Brasil, enquanto os dirigentes dos fundos brasileiros dão de ombro para a produção nacional e espreitam a grama do vizinho.

Em maio de 2018, o Conselho de Investimentos da Previdência do Setor Público (PSP), um dos maiores fundos de pensão do Canadá, comprou uma participação no Grupo Montesanto Tavares, que vende grãos de café para redes que incluem a Starbucks. Como parte do acordo, a PSP concordou em injetar até R$ 1,5 bilhão (US$ 362,2 milhões) no grupo com o objetivo de torná-lo um grande produtor de café do Brasil.

O relatório anual de 2019 da PSP cita o investimento na Montesanto com destaque e coloca as parcerias na América Latina como um importante eixo de investimento. A PSP, que investe recursos para os planos de previdência do serviço público canadense, forças armadas e Real Polícia Montada do Canadá, administra um patrimônio próximo de US$ 140 bilhões.

 


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