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5 de Outubro de 2017 às 16:33

Fetec-CUT/CN denuncia desmonte dos bancos públicos em audiência na Câmara dos Deputados

Para Cleiton dos Santos, fechamento de agências e demissões de bancários são uma nova modalidade de privatização, pois amplia a presença dos bancos privados


Cleiton, no telão, fala na Comissão de de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia da Câmara dos Deputados

Em audiência pública realizada nesta quinta-feira 5 na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia da Câmara dos Deputados, em Brasília, o presidente da Federação dos Bancários do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), Cleiton dos Santos, denunciou que o fechamento de agências e a redução do número de funcionários dos bancos públicos nas regiões Centro Oeste e Norte travam o desenvolvimento e fazem parte de “uma nova modalidade de privatização, que visa sucatear as instituições financeiras públicas e aumentar a presença dos bancos privados” nessas regiões.

A audiência pública foi convocada pelos deputados federais Erika Kokay (PT-DF) e Valadares Filho (PSB-SE), presidente da Comissão, para discutir o fechamento de agências dos bancos públicos, especialmente do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do Banco da Amazônia.

Só no BB, de janeiro a maio deste ano, foram fechadas 929 agências no país, com redução de quase 10 mil postos de trabalho. No dia em que se comemora o Dia do Bancário, em 28 de agosto, a Caixa divulgou que fecharia mais de 120 agências, afetando mais de 4 mil empregados e empregadas

Cleiton dos Santos citou números para demonstrar que o BB, a Caixa, o BNDES e o Banco da Amazônia têm sido fundamentais para o desenvolvimento econômico e social das regiões Norte e Centro Oeste. O financiamento da agricultura familiar (Pronaf) operada pelo Banco do Brasil, por exemplo, beneficia 2,2 milhões de trabalhadores agrícolas das duas regiões (1,5 milhão no N e 700 mil no CO), o que representa 18,5% dos agricultores familiares do país financiados pelo banco.

O financiamento imobiliário por intermédio do Minha Casa, Minha Vida, capitaneada pela Caixa, reduziu em 20% o déficit habitacional das regiões N e CO entre 2010 e 214, acrescentou o presidente da Fetec-CUT/CN. E o Banco da Amazônia, entre 2012 e 2016 ofereceu R$23,5 bilhões em contratações com crédito de fomento e comercial, incluindo o FNO, em mais de 209 mil operações.

Segundo Cleiton, somente em 2017 o BB fechou 79 agências e cortou 1.660 postos de trabalho na região Norte e Centro-Norte (veja no quadro). E o Banco da Amazônia reduziu em 17% o quadro de funcionários entre 2012 e 2016. O BNDES, que aumentou de R$ 2,8 bilhões para R$ 21,6 bilhões os investimentos nas duas regiões entre 2003 e 2016, mudou a TJLP pela TLP, “uma taxa para empréstimos que agora será decidida pelo mercado e não mais pelo governo”, criticou o presidente da Fetec-CUT/CN.

Banco do Brasil

Número de trabalhadores

2014

Número de trabalhadores

201

Redução percentual

 

Região Centro-Oeste

15.953

14.689

8%

Região Norte

4.183

3.787

9,5%

TOTAL DAS DUAS REGIÕES

20.136

18.476

8.2%



“Essas medidas adotadas por um governo ilegítimo e impopular representam uma nova modalidade de privatização, que visa sucatear as instituições financeiras públicas e aumentar a presença dos bancos privados”, denunciou Cleiton.

Precarização do serviço

Durante sua fala, o presidente do Sindicato, Eduardo Araújo, alertou sobre o interesse privado no patrimônio público. “Os bancos privados se concentram nas grandes cidades, não têm interesse em atuar nos rincões do país. Nesses lugares, o acesso aos serviços bancários só chega por meio do banco público. Não fosse o desmonte das instituições públicas, que já demonstraram capacidade de avançar ainda mais, tomariam o lugar dos bancos privados”, destaca Araújo.

O presidente reforçou ainda que os bancos têm aproveitado os sinistros em agências para fechar o local em definitivo. Para Araújo, essa lógica desassiste a população que mais precisa, inviabiliza a distribuição de recursos, precariza o atendimento bancário e enfraquece os bancos.

Tempos de ruptura democrática

De acordo com a deputada Erika Kokay, a audiência pública é um espaço de escuta da sociedade para poder barrar a atuação dos parlamentares da Câmara. “Estamos vivendo tempos de ruptura democrática das mais profundas e nós sabemos que é um processo que não está concluso. Nós temos o golpe e ele vai acabando com os direitos. Precisamos de projetos de desenvolvimento nacional para que ninguém faça isso que estão fazendo com o Brasil”, afirmou Erika Kokay.

Também estiveram presentes na reunião os diretores da Contraf-CUT e da Fenae, Gustavo Tabatinga Júnior e Clotário Cardoso, o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto de Oliveira, a presidenta da Associação dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil, Rita da Silva, o presidente da Associação dos Empregados do Banco da Amazônia, Silvio Farias, e o Coordenador-Geral de Prospecção e Análise dos Fundos da Secretaria de Fundos Regionais e Incentivos Fiscais do Ministério da Integração Nacional, Carlos Henrique Rosa.

Fetec-CUT/CN, com Seeb Brasília e Contraf-CUT

 

 

 

 

 

 

 

 


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