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15 de Janeiro de 2019 às 07:06

Datafolha mostra que população não apoia a agenda do governo Bolsonaro


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Na primeira rodada de pesquisas do ano, o Instituto Datafolha detectou um significativo descolamento programático entre os eleitores de Bolsonaro e as ações concretas propostas pelo governo bolsonarista até aqui. Faixas em torno de 70% da população brasileira discordam da imensa maioria das ações iniciais do governo, como a liberação do porte de armas e a aproximação com os EUA. O balanço técnico é o de que a 'lua-de-mel' entre eleitor e presidente eleito tenha um prazo de validade ainda menor do que aquele que a tradição política brasileira consagrou. 

A surpresa dos diretos do Instituto, Mauro Paulino e Alessandro Janoni, pode ser lida nas entrelinhas do artigo assinado por ambos. Não é trivial um presidente ser eleito sem um programa de governo minimamente posto. Mas, é mais exótico ainda que a discrepância entre a concepção de Estado seja tão acentuada como entre Bolsonaro e seus eleitores. 

O artigo dos pesquisadores, publicado no jornal Folha de S. Paulo, conclui sua análise com um prognóstico nada favorável ao bolsonarismo: "sem a apresentação de projetos consistentes e viáveis, em curto período, nesses setores, torna-se provável que a bonança dos simbólicos cem primeiros dias de governo transforme-se em tempestades junto à opinião pública, que teve as esperanças renovadas, mas conserva as demandas prementes acumuladas nos últimos anos."

Antes disso, Janoni e Paulino, manifestam a surpresa em detectar tamanho descasamento entre Bolsonaro e seus eleitores, já nos primeiros dias de governo: "uma primeira leitura dos resultados da pesquisa nacional do Datafolha divulgada ao longo do último mês sugere descolamento entre a agenda do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL) e a opinião pública brasileira. Apesar de o presidente ter conquistado a maioria dos votos e manter expectativa positiva sobre seu governo, o posicionamento dos eleitores quanto às teses defendidas em pronunciamentos de sua equipe não alcança apoio equivalente."

E seguem especificando pontos sensíveis das pesquisas recentes: "com exceção da temática do controle de imigrantes e da redução da maioridade penal, pontos-chave da pauta bolsonarista como Escola sem Partido, posse de armas e aproximação com o governo dos EUA são reprovados por parcela expressiva da população, com percentuais próximos a 70%. Também se mostram com altos índices de rejeição a redução de terras indígenas, medidas contra o meio ambiente, privatização de estatais e a perda de direitos trabalhistas."

Os diretores do Instituto se perguntam: "com esses dados, fica a pergunta: como Bolsonaro foi eleito com tamanho desencontro entre representante e representados?"


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