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17 de Janeiro de 2018 às 08:14

CHANTAGEM: Para Leda Paulani, agências de risco são cooptadas por mercados financeiros

Segundo economista, rebaixamento do grau de investimento brasileiro "serve muito para fazer terrorismo, empurrar reformas que de outra maneira não se conseguiria aprovar"


Crédito: CESAR OGATA/SECOM/PMSP
São Paulo – Em entrevista à jornalista Roxane Ré, do Jornal da USP, a professora da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) Leda Paulani questionou os interesses de agências de avaliação de risco como a Standard & Poor’

por Redação RBA

São Paulo – Em entrevista à jornalista Roxane Ré, do Jornal da USP, a professora da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) Leda Paulani questionou os interesses de agências de avaliação de risco como a Standard & Poor’s, que no último dia 11 rebaixou o grau de investimento do Brasil do nível BB para o BB-. 

"Antes de falar das razões, é preciso lembrar o que significam essas agências de rating. São os novos oráculos mundiais? Qual a importância efetiva dessas notas?", pergunta a economista. "A gente não pode esquecer que uma das causas da enorme crise que afundou a economia mundial em 2008/2009 foi o papel dessas agências. Elas são absolutamente cooptadas pelos mercados financeiros mundiais e portanto dizem um samba de uma nota só."

Para Leda, o rebaixamento interessa ao governo Temer, já que seria um elemento a mais para forçar a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, da "reforma" da Previdência. "Ontem, conversando com um amigo, dizia 'olha, não se surpreenda se daqui a um tempo nós soubermos que houve até um incentivo do governo brasileiro no rebaixamento dessa nota'. Por que isso aumenta a pressão dentro do Brasil para se fazer essa reforma que se julga a panaceia para todos os males, e que está difícil para o governo fazer", afirma. "Serve muito para fazer terrorismo, empurrar reformas que de outra maneira não se conseguiria aprovar."

A economista defende que sejam discutidas modificações no regime previdenciário, mas acredita que essa é uma questão superdimensionada. "Existe uma questão previdenciária porque existe um crescimento da expectativa da população. Com isso, algum ajuste tem que ser feito, qualquer que seja o regime, pode ser o de repartição simples, como é o geral do INSS, ou o de capitalização, como é o dos fundos de pensão. Agora, primeiro, isso não é a panaceia para todos os males. Segundo, a consequência disso a curto prazo é nula para a economia."

Ouça aqui a entrevista na íntegra.


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