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24 de Julho de 2017 às 15:45

Caixa pressiona trabalhador a contratar serviços em saques do FGTS


Folha de São Paulo
Tássia Kastner

Trabalhadores com direito a sacar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) afirmam que foram pressionados por funcionários da Caixa para contratar serviços do banco como condição para a liberação do dinheiro.

Há também relatos de oferta inadequada de produtos para aplicação do dinheiro, como informar que planos de previdência privada são isentos de taxas e impostos.

O pagamento do FGTS, seja das contas inativas ou por demissão sem justa causa, é um serviço público prestado pela Caixa e não pode ser atrelado a nenhum outro tipo de contratação de produtos financeiros.

Por mais que Hadassa Praciano Matos, 29, tenha argumentado isso com funcionário da Caixa em agência no Ceará, quando foi sacar o dinheiro das contas inativas, não venceu a queda de braço. Acabou contratando um seguro residencial sem desejar.

Eram R$ 2.400 no FGTS, mas Matos deixou R$ 120 no seguro, 5% do valor do benefício trabalhista acumulado ao longo de anos.

"A funcionária disse que o sistema só libera o FGTS se você adquire algum tipo de seguro. Eu adquiri para sair de lá. Eu sei que não é verdade."

Agora ela tenta cancelar o produto na central de atendimento e reaver o dinheiro.

Ana Paula Viana decidiu abrir uma poupança para receber o FGTS inativo. Como foi a uma agência em um sábado, acreditava que não poderia fazer a transferência do valor para outro banco. Era possível agendar transferências no sábado, e o dinheiro cairia na conta em outra instituição no dia útil seguinte.

Além de não informar que poderia fazer a transferência, o atendente condicionou a abertura da caderneta à compra de um plano de previdência, que, por sua vez, tinha um seguro embutido.

Quando tentou cancelar, ouvir que precisaria esperar 60 dias e mesmo assim não receberia reembolso integral.

O ProconSP diz que a prática de obrigar o consumidor que for sacar o FGTS a comprar ou contratar qualquer outro produto ou serviço bancário é abusiva.

"O banco pode até oferecer a contratação de um serviço, mas não pode vincular o saque do FGTS a essa contratação. O consumidor só aceita se for de seu interesse."

O ProconSP recomenda que o trabalhador se negue a contratar qualquer produto que não deseje e que recorra aos órgãos de defesa do consumidor caso tenha pago por um serviço nessas condições.

Ranking de reclamações do BC mostra a Caixa como a instituição com mais queixas de clientes entre abril e junho, um salto ante a terceira posição, ocupada no começo do ano, quando o dinheiro do FGTS começou a ser liberado.

OUTRO LADO

Procurada, a Caixa disse que "os casos não coincidem com a política de atendimento do banco" e que "não vincula ou condiciona, sob nenhuma hipótese, a liberação dos recursos do FGTS à aquisição de outros serviços ou produtos financeiros".

O Banco Central diz que não recebeu reclamações relacionadas a saque do FGTS.


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