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22 de Agosto de 2018 às 15:25

Bancários protestam e fazem paralisações em todo o país para exigir proposta decente nesta 5 ª

Pela proposta apresentada na terça 21, além de outros direitos bancos querem cortar PLR das mães em licença-maternidade e de bancários afastados por adoecimento


Atendendo orientação do Comando Nacional dos Bancários e da Federação Centro-Norte (Fetec-CUT/CN), trabalhadores do sistema financeiro fizeram paralisações parciais e manifestações nesta quarta-feira 22 na região e em todo o país, para exigir da Fenaban que apresente nesta quinta-feira 23 uma nova proposta, que contemple as reivindicações da categoria por aumento real, proteção ao emprego, melhores condições de trabalho e igualdade de oportunidades, além da manutenção dos direitos da categoria sistematizados na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), conquistados em décadas de luta.

O Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta apresentada pela Fenaban na terça-feira 21, que contém apenas 0,5% de aumento real sobre as verbas salariais por dois anos, além de retirar direitos e ignorar muitas reivindicações da categoria. Veja aqui como foi a negociação da terça-feira. 

E confira aqui como foram as paralisações e manifestações desta quarta nas bases da Fetec-CUT/CN.

“Apesar de já contemplar aumento real, a proposta da Fenaban está muito aquém do que os bancários reivindicam e do que os bancos podem pagar. Além disso, retira direitos conquistados e aumenta a discriminação contra as mulheres, retirando por exemplo PLR das bancárias grávidas. Por isso precisamos intensificar a mobilização para pressionar os bancos a apresentarem uma proposta decente que atenda as reivindicações da categoria”, afirma Cleiton dos Santos, presidente da Fetec-CUT/CN e integrante do Comando Nacional dos Bancários. 

Mesmo depois de ter lucrado R$ 77,4 bilhões em 2017, crescimento de 33,5% em relação a 2016 e de ter tido um primeiro semestre de 2018 com lucros recordes, que somam R$ 42 bilhões, 18% a mais do que o obtido no mesmo período de 2017, os cinco maiores bancos do país (BB, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander), que dominam a mesa de negociações da Fenaban, insistiram em uma proposta de reajuste com aumento real de apenas 0,5%, além de alterações e exclusões de diversas cláusulas da atual Convenção Coletiva de Trabalho da categoria, que leva a cortes de direitos dos trabalhadores, como o pagamento proporcional, e não mais integral, da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) das bancárias em licença-maternidade e de afastados por doença ou acidente quando do retorno.

“É inaceitável essa alteração porque discrimina e penaliza as mulheres, já penalizadas com salários menores. Não podemos aceitar uma proposta que retira direitos”, criticou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

“Esta é a semana de lutas e depois da negociação de ontem o Comando decidiu paralisar as agências hoje para dialogar com os bancários e dar o recado aos bancos que, se insistirem na proposta de corte de direitos e desvalorização de seus funcionários, infelizmente estarão jogando a categoria para uma greve. Fechar acordo e evitar a greve só depende dos bancos”, afirmou a dirigente sindical, lembrando que a negociação continua nesta quinta-feira (23), em São Paulo.

Em assembleias realizadas em todo o país, a categoria decidiu que não aceitará proposta que traga cortes de direitos e tampouco que não proporcione aumento real para a categoria. “A proposta de reajuste teve um pequeno avanço, mas ainda insuficiente. Num processo muito cansativo, que se iniciou logo após o almoço e se prolongou até quase meia noite, conseguimos que o índice fosse alterado para um reajuste de 0,5% acima da inflação, mas ainda aquém do que o setor pode pagar”, explicou Juvandia. “O setor obtém lucros recordes ano após ano, esteja ou não o país em crise econômica. Outros menos lucrativos deram reajustes maiores do que os bancos estão nos oferecendo”, completou.

A proposta dos bancos

• Retirada do salário substituto (cláusula 5ª);

• Fim da PLR integral para bancárias em licença-maternidade e afastados por acidente ou doença (esses trabalhadores receberiam PLR proporcional ao período trabalhado);

• Querem compensar, caso percam na Justiça, as horas extras pagas como gratificação de função conforme a cláusula 11ª da CCT. Esse item não vale para os bancos públicos, que têm Plano de Cargos e Salários (PCS). A proposta foi rejeitada e o Comando quer negociar PCS para todos;

• Alteração da cláusula do vale-transporte, rejeitada porque ficaria pior do que a lei (cláusula 21ª);

• Fim da cláusula que proíbe a divulgação de ranking individual (cláusula 37ª);

• Retirada da cláusula que previa adicional de insalubridade e periculosidade porque está na lei (cláusula 10ª);

• Querem flexibilizar o horário de almoço de 15 minutos para 30 minutos na jornada de seis horas (exceto para teleatendimento e telemarketing);

• Fim do vale-cultura (cláusula 69). Comando quer que permaneça para que o direito esteja garantido caso do governo retome o programa;

• Retirada da cláusula que garantia a homologação de rescisão contratual nos sindicatos;

• Aqui um avanço: garante o parcelamento do adiantamento de férias em três vezes, a pedido do empregado;

• Outro avanço: mantém o direito do hipersuficiente à CCT (quem ganha mais de R$ 11.291,60;

• Mantém o direito ao adiantamento emergencial para quem tem recurso ao INSS por 90 dias. Os bancários querem 120 dias.

 

Fonte: Fetec-CUT/CN, com Contraf-CUT

 


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