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25 de Junho de 2018 às 09:53

Bancários lançam Campanha Nacional Unificada 2018 com ato em defesa das estatais


Crédito: SEEB/BSB

Brasília - Diante de um cenário atípico pelo enfrentamento aos retrocessos impostos pelo atual governo e sob a ameaça de privatizações dos bancos públicos e do desmonte do Estado, o Sindicato lançou em sua sede nesta quarta-feira (20) a Campanha Nacional Unificada 2018, com um ato em defesa das estatais e da soberania nacional.

Com o lema “Todos por Tudo. Resistir e Vencer”, essa será a primeira campanha a ser realizada num cenário político e econômico de ataques aos direitos trabalhistas e entrega do patrimônio nacional, promovidos pelo governo Temer. Sendo assim, a categoria tem entre os principais eixos de luta a necessidade de unificar esforços contra o desmonte do patrimônio público.

O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira, destacou que somente nos últimos dois anos a Caixa eliminou cerca de 15 mil postos de trabalho. Em dezembro de 2014, o banco contava com 101 mil trabalhadores e atualmente são 87 mil. “Esse já é um processo de desmonte, é o projeto que está em curso no nosso país. Mas eu acredito que hoje temos um grau de unidade muito forte para enfrentar esses desafios”, avaliou.

Para os bancários, a defesa do Banco do Brasil, da Caixa, do Banco de Brasília, do BNDES e demais bancos públicos está além de questões profissionais, uma vez que estas instituições também têm papel social e estratégico para a economia. “O ataque não está simplesmente aos bancos em si, mas a todas as entidades que os cercam, como a Cassi e a Previ, por exemplo”, informou o diretor do Sindicato Rafael Zanon.

Todos por Tudo

Representantes dos trabalhadores do Correios e da Eletrobrás destacaram no ato a importância da união entre as categorias para o enfrentamento necessário em defesa de todos os direitos.

“Neste momento, mais do que nunca, temos de andar de mãos dadas. Creio na luta unificada, no compromisso em todas as atividades e no processo de fortalecimento da nossa categoria com as categorias irmãs, para garantirmos os avanços necessários”, disse o diretor do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Distrito Federal e Entorno (Sintect) Jovan Sardinha, ao afirmar que a categoria enfrenta a ameaça de fechamento de mais de 500 agências dos Correios e a diminuição do Banco Postal.

“Tenho certeza que vamos derrotar esse governo golpista e o fantasma da privatização. Mais do que possível, é preciso unir as categorias e fazer esse enfrentamento”, completou o diretor do Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal (Stiu) Íkaro Chaves ao garantir que sua categoria sairá vitoriosa na luta contra a privatização da Eletrobrás.

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF), presente no lançamento da Campanha dos bancários, denunciou a tentativa do governo federal de entregar a Petrobrás para o capital estrangeiro e a urgência para votação de projetos para privatizações de distribuidoras. Ela ainda propôs a criação de uma comissão parlamentar na Câmara dos Deputados para acompanhar a Campanha Nacional dos Bancários. “Vamos ter de nos organizar para defender os bancos públicos, porque estamos lidando com o setor que mais lucra no país, enquanto fecham agências e demitem bancários. Podemos apresentar a construção de uma comissão suprapartidária, ligada à Comissão do Trabalho e de Serviço Público, para fortalecer a luta dos bancários”, informou.


Reforma trabalhista

A Campanha Nacional Unificada 2018 ocorre após a aprovação da reforma trabalhista, que muda a legislação, resulta na retirada de diversos direitos dos trabalhadores, permite ampliar a terceirização e precariza ainda mais as relações de trabalho. Nesse sentido, além de reivindicar aumento real nos salários, os bancários também vão lutar contra as demissões em massa e pela manutenção dos empregos e dos direitos conquistados na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), que tem validade em todo o território nacional.

“Temos visto o avanço sobre os direitos da classe trabalhadora diante dessa nova regulamentação. Por isso temos de nos organizar, resistir e fazer a luta contra essa reforma, contra o avanço das terceirizações e para evitar que o estado mínimo se imponha”, disse o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues.

“Nosso desafio será fazer a mobilização para que a sociedade compreenda que os banqueiros continuam sugando recursos da população mais pobre e dos trabalhadores, enquanto eles têm lucros bilionários”, disse o presidente do Sindicato dos Bancários, Eduardo Araújo.

"Essa campanha será um grande desafio. Teremos uma negociação muito dura. Os prejuízos são muitos com a nova legislação trabalhista, como por exemplo o fim da obrigatoriedade da homologação no Sindicato", lembrou Mariana Coelho, secretária de Assuntos Jurídicos do Sindicato.

"A conjuntura é totalmente desfavorável, num cenário de retirada de direitos e ampliação das terceirizações. Precisamos ter clareza que, enquanto classe trabalhadora, temos de participar da política", afirmou a diretora da Fetec-CUT Maria Gaia.

"Essa é uma campanha que ultrapassa os limites da CCT. Temos de combinar questões específicas de toda a sociedade com os direitos da classe trabalhadora. É uma questão de democracia", frisou Jacy Afonso, diretor da Fetec-CUT/CN. "Temos de ter compromisso com os candidatos que representam os trabalhadores nestas eleições".

"Não vamos realizar uma grande campanha se não conseguirmos dialogar com nossos companheiros, mas nossos colegas parecem não saber o que está acontecendo no cenário político", advertiu Wandeir Severo, diretor do Sindicato e empregado da Caixa.

De acordo com Samantha Sousa, bancária do BRB e diretora da Fetec-CUT/CN, “no BRB, estamos buscando o diálogo com os bancários para que todos participem e somem forças para a Campanha que iniciamos. Estruturamos nossa pauta de reivindicações a partir de um importante seminário que, entre outros assuntos, tratou da defesa dos bancos e das empresas públicas”.

“Vamos continuar defendendo a manutenção dos nossos direitos, principalmente em relação à Cassi, que está sendo cercada de mentiras para ser sucateada. Seguiremos levando informação sobre a intenção de se retirar direitos e privatizar o banco”, pontuou Fátima Marsaro, bancária do BB e diretora do Sindicato.

“Temos diversas atividades nos próximos meses que visam a defesa dos nossos direitos e da democracia no nosso país. Precisamos nos manter mobilizados, tanto os trabalhadores quanto as entidades representativas”, ressaltou Renan Arruda, diretor do Sindicato e bancário do BB.

“As atividades de mobilização, realizadas pelo Sindicato, devem continuar fortes. Estamos todos juntos para garantir a defesa dos direitos e conquistas”, acenou Paulo Vinícius (PV), diretor do Sindicato.

“É nos encontros com a categoria que a gente se refaz e se fortalece na luta. Estamos, na condição e na dimensão dessas defesas, muito preparados para o jogo que estamos a jogar e que, seguramente, sairemos vencedores”, garantiu o diretor do Sindicato Kleytton Morais.

“Diante dos ataques à classe trabalhadora e à sociedade brasileira, precisamos sim dialogar com os representantes de todas as estatais e de outras categorias. Temos que reafirmar o compromisso de uma luta unificada”, reforçou Jefão Meira, diretor do Sindicato e secretário de Relações do Trabalho da Contraf-CUT.

Primeira rodada de negociação é dia 28

A primeira rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação dos Bancos (Fenaban) está marcada para o dia 28. No dia 29, os trabalhadores se reúnem com a direção do Banco do Brasil.

Viviane Claudino
Colaboração para o Seeb Brasília


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