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28 de Novembro de 2018 às 07:38

Assédio moral e defesa das empresas públicas são temas de curso de formação


Crédito: SEEB/PA

Belém PA - Sabe quando você não tem liberdade e nem individualidade respeitadas no seu trabalho? Então isso é assédio. Violência psicológica, humilhação e insultos são considerados crimes, segundo a lei brasileira. Essas foram algumas reflexões que nortearam a discussão na última sexta-feira (23), no curso de formação para delegados sindicais, na sede do Sindicato, em Belém.

Para falar sobre o assédio moral no trabalho foi convidada a psicóloga do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), Ana Carolina Pinheiro. “O assédio não é focado em um determinado tipo de trabalho, ocorre quando visa desestabilizar o trabalhador. Um dos maiores problemas são os insultos ditos, na maioria das vezes, pelo chefe ‘você é lerdo (a), não presta para nada’. O trabalhador acha que a culpa dele, se fecha ainda mais, isola-se dos amigos e familiares. Começa a faltar o trabalho e é só um motivo para ser demitido”, contou a psicóloga.

A programação ainda teve a exibição do vídeo “Assédio moral – a dor (in)visível”. O documentário aborda depoimentos de trabalhadores e trabalhadoras vítimas de constrangimento no ambiente de trabalho.

Para abordar os aspectos jurídicos do assédio moral no trabalho, esteve presente a advogada Camila Aranha, de um dos escritórios que atendem ao Sindicato. Ela destacou que a vítima desse tipo de situação tem que agir, obter o maior número de provas contra o assediador.

“A vítima deve anotar os detalhes de todas as humilhações sofridas, por exemplo, o dia, o local, o nome do agressor, colegas que testemunharam, e ainda, conteúdo da conversa e evitar conversar com o agressor sem testemunha. Procurar o sindicato, o Ministério Público, a Justiça do Trabalho, o Centro de Saúde do Trabalhador. Além de, buscar atendimento psicológico e psiquiátrico, é importante também buscar apoio de familiares e amigos para recuperar auto – estima”, orientou.

Defesa dos bancos e empresas públicas

À tarde, foi momento de trocar experiências e construir mecanismos de luta em defesa dos bancos e empresas públicas que correm um risco iminente de privatização com a chegada do próximo governo em 2019.

Embora o presidente eleito, Jair Bolsonaro, tenha afirmado, ainda durante a campanha, em outubro, que não pretende privatizar o Banco do Brasil (BB) e a Caixa, os sinais apontam para o sentido oposto. Primeiro, porque analistas e o mercado dão como certo que sua política deve seguir a linha adotada de Michel Temer, mas de forma mais radical. Em segundo lugar, porque alguns “auxiliares” de Bolsonaro, a começar por seu ministro da Economia, Paulo Guedes, já declararam ser a favor de privatizar “todas” as estatais.

“A privatização não vai afetar somente nossos empregos, a população em geral será prejudicada, quem nunca precisou de um serviço oferecido pela Caixa, um dia vai. A função social desse banco é enorme e atinge várias famílias, de qualquer renda. Banco privado, o perfil é totalmente diferente”, destaca a vice-presidenta do Sindicato e bancária da Caixa, Tatiana Oliveira.

Se esse desejo (o da privatização) é fantasioso, Bolsonaro pelo menos indica a intenção de desestatização geral. No início do mês, Paulo Guedes sugeriu a fusão entre o Banco do Brasil e o Bank of America. A Cassi, por pouco, não teve também seu estatuto alterado para que pudesse assumir o controle absoluto e fazer as alterações que lhe interessam, sem consulta aos associados, colocando em risco o futuro do plano de saúde. Na época, alegavam que as alterações teriam que ser feitas imediatamente para adequar a realidade da Cassi às resoluções da CGPAR, principalmente a 22 e 23.

“Tudo mentira, pois segundo a lei, as estatais têm 48 meses para se adaptar às normas da CGPAR. E em quatro anos muita coisa pode acontecer. Felizmente já foram suspensos os efeitos da Resolução CGPAR nº 23/2018. A decisão faz com que a Resolução perca a sua eficácia até o julgamento definitivo do processo ou reversão da decisão do desembargador”, lembra o dirigente sindical e bancário do BB, Fábio Gian.

Logo após, o Não ter vencido, o Banco do Brasil anunciou mais uma reestruturação com cortes de 126 cargos e redução de pessoas nas áreas de infraestrutura, serviços e operações, e ainda nas áreas de atacado.

“Se nem os bancos federais estão livres de uma privatização, que dirá os bancos regionais, que pela sua área de atuação, dão lucros menores, como o Banco da Amazônia que tem como foco o FNO. Se o governo tirar isso, infelizmente acabou o banco, pois os lucros a cada ano têm sido menores. A Caixa que em 2018 teve lucro recorde está ameaçada, imagina um banco que nem lucro tem dado”, pontua a diretora do Sindicato e empregada do Banco da Amazônia, Suzana Gaia.

Além do Banco da Amazônia, no Pará, o Banpará é outro banco de atuação local, menor ainda que o Banco da Amazônia, já que se restringe apenas ao estado, mas mesmo assim, tem uma realidade bem diferente dos demais bancos federais.

“No Banpará contratações nunca pararam, os lucros vem crescendo, o numero de agencias aumentando, tivemos o melhor Acordo Coletivo de Trabalho nacionalmente, mas nem por isso estamos livres da privatização. Se os bancos maiores foram atingidos, a nossa bolha será estourada. Portanto, a nossa defesa pela manutenção dos nossos empregos tem que ser unificada, estamos no mesmo barco”, avalia a dirigente sindical e bancária do Banpará, Vera Paoloni.

Nesse sentido, de unidade e fortalecimento das empresas públicas, a delegada sindical e bancária do BB em Altamira, Cristina Félix, sugere o chamado ‘trabalho de formiguinha’. “Nós bancários e bancárias, primeiro temos que ter essa consciência e a partir daí levar esse entendimento aos clientes e usuários, que atendemos diariamente, que tanto quanto nós, eles serão prejudicados com as privatizações”, afirma.

Outras propostas apresentadas durante a dinâmica de grupo foram: a realização de seminários sobre o assunto nos municípios paraenses, o pedido de apoio junto a parlamentares, movimentos sociais e outras entidades sindicais.

Mau exemplo

A Centrais Elétricas do Pará (Celpa) é um exemplo de como a privatização é ruim para toda a população. Em 1981, a Celpa passou a ser parte do Sistema Interligado Norte e Nordeste. Em 1998, no processo de privatização comandado pelo governo federal de Fernando Henrique Cardoso e, e sob o governo estadual de Almir Gabriel, a Celpa foi privatizada para o Grupo Rede por meio de um leilão. Só em 1999, ela passou a fazer parte do Sistema Interligado Nacional.
Em agosto de 2012, o grupo Rede declarara que a Celpa entrava em recessão e, em seguida, foi posta sob intervenção da ANEEL. Em abril de 2013, a Celpa foi novamente leiloada e desta vez vendida para o grupo Equatorial Energia e CPFL, pelo preço de um real.

“O processo de privatização teve seus efeitos imediatos na vida dos trabalhadores, pois aumentou a terceirização, efetivou cortes salariais e a perda de outros direitos adquiridos anteriormente. Atualmente a cada 5 terceirizados, apenas 1 é contratado direto. Ingressamos com a ações na justiça, para que o Estado voltasse a cuidar da Celpa. Enquanto isso, temos uma das contas de energia mais caras do Brasil e um dos piores serviços aos consumidores”, explica o diretor do Sindicato dos Urbanitários, Waldir Nascimento.

85 anos

O curso de formação fez parte da programação dos 85 anos do Sindicato dos Bancários do Pará, celebrado no último sábado (24), e o encerramento do curso foi marcado por parabéns.

“Uma palavra define o que foi esse ano para o Sindicato: resistência. Diante de um cenário político e econômico difíceis, chegamos aos 85 anos de rexistência. Vida longa a este Sindicato, à classe trabalhadora, à categoria bancária, a quem estendemos os nossos mais calorosos parabéns, razão de ser desta entidade”, parabenizou a dirigente sindical, Rosalina Amorim.

Fonte: Bancários PA


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