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18 de Dezembro de 2018 às 12:47

A serviço dos banqueiros: Ana Paula Vescovi defende quebra do monopólio do FGTS

Presidente do CA da Caixa engrossa discurso de bancos privados, que estão de olho apenas nos ativos do Fundo de Garantia, sem qualquer preocupação com o social


Crédito: Reprodução

Com a proximidade do novo governo, que já afirmou que pretende privatizar tudo que puder, a cobiça sobre a gestão do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, hoje de responsabilidade da Caixa Econômica Federal, só aumenta. Agora foi a vez de Ana Paula Vescovi, secretária executiva do Ministério da Fazenda e presidente do Conselho de Administração do banco, defender uma ampla remodelagem do FGTS.

O argumento parece tentador: melhorar a remuneração dos recursos do trabalhador. Mas para o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, os motivos são outros. “O que se quer, na verdade, é quebrar o monopólio da Caixa, algo que os bancos privados sempre defenderam. Estão de olho nos mais de R$ 510 bilhões de ativos, mas sem nenhuma preocupação com o papel social do Fundo de Garantia, sobretudo nas áreas de habitação e saneamento”, diz.

A fala de Ana Paula Vescovi não está isolada. Em novembro, o presidente do Santander, Sérgio Real, defendeu que a quebra de monopólios nos serviços financeiros, como depósitos judiciais, folhas de pagamento e a gestão do FGTS. Já na semana passada, Luiz Carlos Trabuco, presidente do Conselho de Administração do Bradesco, admitiu que o banco está de olho em possíveis oportunidades de aquisições vindas de Caixa e Banco do Brasil.

“O que vê é uma tendência de que o novo governo dê ainda mais voz aos banqueiros, que só visam ao lucro, sem qualquer preocupação com o desenvolvimento social. Vescovi afirma que a remuneração do Fundo de Garantia é ‘uma das fontes de desigualdade de renda do país’. Isso é um absurdo, mas que não nos espanta, vindo de quem veio. É graças aos recursos do FGTS que milhões de famílias conseguiram realizar o sonho da casa própria, além de ter esgoto e água tratados nos últimos anos”, lembra Jair Ferreira.

O presidente da Fenae reforça que a mobilização dos empregados da Caixa e da sociedade será essencial para barrar retrocessos. “O que está ruim pode piorar, já que teremos um governo que defende a venda do patrimônio público, além do fato de que o banco será presidido por um especialista em privatizações. Nossa unidade e nossa resistência são as armas que temos para defender a Caixa 100% pública, forte e social”, diz Jair Ferreira.

Centralização do FGTS na Caixa

O presidente da Fenae recorda que o FGTS como está hoje, com contas organizadas, só foi possível graças à Caixa. “Até 1990, cada empresa escolhia o banco em que efetuava os depósitos dos valores dos trabalhadores. Com a alta rotatividade de emprego, havia descontrole da aplicação dos recursos e da regularidade do recolhimento, o que gerava contas inativas e dinheiro perdido nos bancos. Graças à luta dos bancárias e bancárias da Caixa, da qual temos muito orgulho, foi possível centralizar as contas”, observa.

Não tem sentido privatizar a gestão do FGTS

A Fenae lançou em outubro a campanha “Não tem sentido”, cujo objetivo é mobilizar os empregados da Caixa e a sociedade mostrando que o banco precisa continuar 100% público, forte, social e a serviço dos brasileiros. E fazer parte é muito simples! Por meio do site www.naotemsentido.com.br, é possível enviar vídeos ou escrever depoimentos opinando por quais motivos a empresa não pode ser privatizada ou enfraquecida.

Em manifesto divulgado por ocasião do lançamento da campanha, a Fenae destaca que não tem sentido jogar fora conquistas importantes. “Poupança, penhor, habitação, FGTS, programas sociais inovadores, eficientes e reconhecidos no mundo inteiro. Em 157 anos de existência a Caixa consolidou o seu protagonismo no desenvolvimento econômico e social do Brasil”. E ainda: “Quem defende a privatização da Caixa, seja de todo o banco ou seja em partes, não tem o menor compromisso com o Brasil e com os brasileiros”.

Fonte: Fenae


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