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11 de Março de 2019 às 16:13

8 de Março: Contra a ‘reforma’ da previdência e pela vida das mulheres


Crédito: SEEB/PA

Belém PA - O último 8 de março foi o dia de “ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês” nas ruas de Belém e de Marabá. A data marca a luta histórica e internacional das mulheres em todo o mundo, contra o machismo, a violência, por igualdade de oportunidades, que nesse ano, na ‘Terra Tupiniquim’, teve como principal bandeira a ‘reforma’ da Previdência.

“As mulheres serão as mais prejudicadas com a ‘reforma’ da Previdência se a proposta apresentada por Jair Bolsonaro (PSL/RJ) for aprovada pelo Congresso Nacional.” A afirmação é da professora de Economia e Relações do Trabalho do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas (Cesit-Unicamp), Marilane Teixeira.

Passeata do 8 de março em Marabá

Pelas regras atuais, explica a professora, uma mulher de 55 anos e com 25 anos de contribuição teria de trabalhar mais cinco anos para se aposentar por idade e conseguir receber o benefício integral. Ou seja, estaria aposentada aos 60 anos e com 30 anos de contribuição.

Já pelas regras de transição propostas por Bolsonaro, que quer implementar a idade mínima de 62 anos para as mulheres, essa mesma mulher terá de trabalhar mais sete anos (55+7 = 62) para se aposentar por idade. Ainda assim, ela só chegaria a 32 anos de contribuição (25+7 = 32) e não se aposentaria com o benefício integral, que, pelas novas regras, vai exigir, no mínimo, 40 anos de contribuição.

Manifestantes exigem respeito à vida das mulheres e fora Bolsonaro

“No meu caso, não vou ser atingida por essa proposta nefasta, pois já tenho direito adquirido”, conta aliviada a professora Maria Júlia Alves. “Em minha opinião essa ‘reforma’ é mais um golpe dado ao trabalhador, do que a justificativa de rombo na previdência”, desabafa.

Para as mulheres trabalhadoras a conta resultaria em um benefício de apenas 84% do valor a que ela teria direito pela regra atual. Ou seja, 60% correspondentes aos 20 anos mais 24% referentes aos 12 anos a mais que ela contribuiu para poder se aposentar aos 62 anos de idade.

“Sou contra a ‘reforma’ da previdência, primeiramente, porque é um golpe contras as mulheres. Se formos prestar atenção em todas as prerrogativas, do tipo a idade mínima, o tempo de contribuição, o aumento gradual de idade mínima e a aposentadoria de professoras rurais, esses requisitos nos prejudicam, além de ser uma proposta injusta. Fico preocupada com o meu futuro, pois me formei recentemente em turismo pela Universidade Federal do Pará e já estou pensando no futuro, pretendo contribuir logo com a Previdência para garantir uma aposentadoria digna. Eu estive presente no ato do dia da Mulher para denunciar mais esse retrocesso”, conta a turismóloga, Marciliane Moraes.

Desigualdade

Mulheres foram às ruas contra a reforma da previdência

“Além da perversidade da ‘reforma’ da Previdência apresentada, as mulheres brasileiras são as mais atingidas pelas retiradas de direitos, como por exemplo, a redução do número de famílias contempladas com o Bolsa Família. Sem falar das desigualdades impostas pela sociedade, dentro e fora de casa. Somos nós que damos conta da jornada tripla, com ou sem alguém pra ajudar: casa, trabalho e estudos. E nada disso foi levado em consideração durante a construção do texto da ‘reforma’ da previdência. A igualdade que pedimos é de oportunidades, de poder concorrer as mesmas vagas, de receber o mesmo salário do nosso colega homem que desempenha a mesma função que a nossa”, explica a vice-presidenta do Sindicato e bancária, Tatiana Oliveira.

Dados da Pesquisa de Emprego Bancário, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na subseção da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), apontam que as 1.089 mulheres admitidas nos bancos em janeiro de 2019 receberam, em média, um valor correspondente a 82,8% da remuneração média auferida pelos 1.359 homens contratados no período. As informações levam em conta os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do IBGE.

Mulheres na luta por respeito, igualdade e direitos

Segundo a pesquisa, a diferença salarial entre bancárias e bancários persiste ao longo de toda a carreira, uma vez que também é constatada no momento do desligamento dos trabalhadores da categoria. As 1.189 mulheres desligadas dos bancos em janeiro recebiam, em média, valor correspondente a 79% da remuneração média dos 1.253 homens que deixaram seus cargos nos bancos no primeiro mês de 2019.

“Essa pauta, a de igualdade de oportunidades e salários, é uma luta permanente em nossos calendários e mesas de negociação, e por ela vamos às ruas nos 8 de março. Queremos respeito, igualdade e o fim do assédio moral e sexual, que também somos vítimas”, lembra a dirigente sindical e bancária do Banpará, Heidiany Moreno.

 

Fonte: Bancários PA com informações da Contraf-CUT


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