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21 de Agosto de 2018 às 09:29

35% das pessoas que fizeram empréstimos no último ano atrasaram as prestações

O drama se repete há meses. Desempregados ou aceitando empregos precários e mal remunerados, brasileiros fazem empréstimos até para comprar comida. Não conseguem pagar as prestações e ficam com o nome sujo


Crédito: Roberto Parizotti/CUT

Escrito por: Marize Muniz - CUT

Ao invés de gerar emprego e renda, as medidas implantadas pelo golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) para aquecer a economia, como o fim da CLT e o congelamento por 20 anos dos gastos públicos, em especial saúde e educação, estão gerando um exército de inadimplentes, desempregados e mão de obra subutilizada – segundo o IBGE, no segundo trimestre de 2018, faltou trabalho para 27,6 milhões de trabalhadores e trabalhadoras no Brasil. Muitos deles fazem empréstimos até para comprar comida e pagar conta de água e luz, não conseguem pagar as prestações e ficam com o nome sujo no mercado.

Mais de um terço (35%) dos brasileiros que contrataram empréstimos no último ano ficaram com nome sujo por atrasar as prestações. Desse total, 20% já regularizaram a situação e 15% permanecem negativados.

Os dados são de pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), que, em julho, já havia constatado um total de 63,4 milhões de brasileiros com dívidas em atraso.

De acordo com o levantamento divulgado nesta segunda-feira (20), dois em cada dez brasileiros (23%) fizeram algum tipo de empréstimo nos últimos doze meses - 12% fizeram empréstimo pessoal em bancos e 7% em financeiras;  14% optaram por empréstimo consignado em banco, principalmente entre o público com mais de 55 anos (27%), e 6% em financeiras. No caso do consignado, as parcelas são descontadas diretamente do salário ou da aposentadoria.

Além do desemprego, a capacidade de pagamento dos brasileiros vem sendo afetada pelo achatamento da renda, destaca a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. Por isso, segundo ela, muitos brasileiros estão fazendo empréstimos para pagar contas ou mesmo quitar dívidas.

A pesquisa mostrou que hoje cada entrevistado possui, em média, dois empréstimos. A maior parte do dinheiro obtido com o empréstimo pessoal é usada no pagamento de dívidas (24%), para quitação de outros empréstimos, pagamento de fatura do cartão de crédito e prestações em atraso.

Outros 19% utilizam o dinheiro para reformar a casa ou apartamento, 15% para abrir um negócio e 15% para viajar.

Entre os que escolheram o consignado, as principais finalidades apontadas são: pagar dívidas de outros empréstimos, cartão de crédito e contas em geral (30%), reformar a casa ou apartamento (20%), pagar contas de água, luz, telefone, aluguel, condomínio e escola (16%), comprar mantimentos para casa (14%) e comprar ou trocar de carro (13%).

21% dos brasileiros tentaram fazer empréstimo, mas 12% não conseguiram, principalmente por restrição em cadastros de proteção ao crédito

A pesquisa também mostrou que dois em cada dez consumidores (21%) tentaram fazer empréstimos nos últimos meses, mas apenas 9% conseguiram.

Dos 12% que não conseguiram empréstimos, 45% estavam com restrição do nome em cadastros de proteção ao crédito e 27% queriam um valor maior do que suas rendas permitiram.

Além disso, 57% dos que tomaram empréstimo no último ano consideram que as taxas de juros cobradas pelas instituições foram altas ou abusivas. Quando questionados sobre as exigências feitas para na hora de contratar empréstimos, 53% dos consumidores revelam que nenhuma garantia foi solicitada.

Sobre o valor levantado, 48% avaliam que a quantia foi parcialmente suficiente para seus objetivos — em especial os entrevistados das classes C, D e E (60%). Ao passo que para 52% o valor foi suficiente ― sobretudo nas classes A e B (77%).

Metodologia

A pesquisa traça o perfil de 910 consumidores de todas as regiões brasileiras, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos e pertencentes às todas as classes sociais. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais e a margem de confiança de 95%.


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