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24 de Maio de 2017 às 06:00

1º Fórum de Saúde dos Bancários traz reflexões sobre os rumos do SUS


A manhã desta terça-feira (23) foi marcada por reflexões e inquietações provocadas por especialistas em saúde pública que participaram do segundo dia do 1º Fórum de Saúde dos Trabalhadores Bancários realizado pelo Sindicato, em sua sede, numa parceria com a CUT Brasília, Fenae e Anabb.

“O objetivo deste Fórum não é só fazer a discussão, mas agir com a consciência do que queremos, quais caminhos trilhar e como dialogar com os outros para promover a saúde com mais propriedade”, afirmou o presidente do Sindicato, Eduardo Araújo. Nesse sentido, ele destacou que será publicada uma cartilha com as discussões realizadas no evento e também será editado um vídeo com as falas para ser exibido na TV Comunitária, Canal 12 da NET, na próxima sexta-feira (26).

Também participando da mesa que abriu o primeiro painel,“Descaminhos da Saúde no Brasil -cenários e perspectivas”, a secretária de Formação do Sindicato, Teresa Cristina, destacou a necessidade de fortalecer a luta na defesa do SUS. “É muito importante que a categoria bancária enxergue o que esse sistema representa para o país. Queremos e precisamos participar juntos da luta de reconstrução não só do SUS, mas do Brasil. É um dever moral”, orientou.

Menos diferenças sociais


Com origem no movimento sindical, o radialista Arnaldo Marcolino falou com propriedade sobre a importância de se discutir e entender as diferenças existentes em uma sociedade, a fim de unir os diversos atores sociais em prol de um objetivo comum. Levantou, ainda, várias questões sobre as dimensões política, econômica e de proteção social da saúde no Brasil.

Sobre os bancários, penosidade foi o termo usado por Marcolino para caracterizar os problemas relacionados às condições de trabalho que afligem a categoria. “É penosa a situação do trabalhador que acaba levando as metas para casa, envolvendo todos os familiares. Isso destrói e adoece toda a família”, explicou. “Em contrapartida, qual a política de saúde mental que os bancos ou o governo promove para aliviar essa condição?”, questionou.

Sobre as questões que envolvem a política macro no Brasil, o radialista disse que a história pode ser recontada a partir do movimento dos trabalhadores. “Nós, trabalhadores, temos que ter uma grande ambição. Não de tomar o governo, mas de sê-lo. De ser governo a partir da educação, da cultura e de todas as travessuras, alegrias e tristezas que uma sociedade pode ter. Tem que ir além da máquina e recontar a história a partir da nossa própria história.”

Greve, uma ferramenta de luta


O professor Eduardo Azeredo Costa, membro da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, enfatizou a gravidade do momento atual por que passa a vida brasileira e que extrapola a matéria do seminário. “A saúde, na verdade, reflete as condições de vida e do trabalho das pessoas que, claramente, está em alto risco devido às medidas que esse governo espúrio, fruto de um golpe parlamentar, está tentando impor, apesar de sua total ilegitimidade”, apontou.

Segundo Azeredo, a greve é a única ferramenta capaz de impedir a aprovação das propostas de reformas trabalhista e previdenciária empurradas pelo governo. “Apesar de ter sido mal divulgado pela imprensa, o movimento grevista de um dia causou um grande impacto. Temos que pensar nisto. Os trabalhadores, na verdade, têm grande responsabilidade nas transformações e na conquista de uma democracia mais justa, capaz de trazer mais saúde para todos e conquistar uma democracia mais justa. Mais uma vez, a solução está depositada nas mãos dos trabalhadores”.

Para ele, o direito à saúde, mesmo previsto na Constituição, é uma quimera. “A gente luta pelo SUS, mas esse sistema ainda não é a solução definitiva devido a sua composição e gestão. Além disso, diferentemente do que fizeram outros países, o sistema não prioriza a atenção básica e a atenção aos mais doentes”, enfatizou.

Participação de todos


Para a médica sanitarista Ana Maria Costa, professora de Saúde Coletiva e diretora do Centro Brasileiro de Estudo da Saúde, a luta pelo direito à saúde exige a participação de todos e faz parte da concepção de um novo Estado que garanta mais proteção, bem-estar social e a primazia dos cidadãos sobre os valores do capitalismo.

“Os interesses do sistema financeiro, de fato, não são as pessoas. É o lucro, o rendimento e uma acumulação que, cada vez mais, aumenta as desigualdades. Esse sistema, que opera no capital não produtivo, não só acirra os mecanismos de produção de desigualdade como também prescinde da força de trabalho”, afirmou a médica.

Em função disso, segundo a especialista, a luta pela saúde deve se articular com a luta pelo fortalecimento das instituições democráticas e se vincular, especialmente, à instalação de um projeto político efetivo de democracia social. “A democracia econômica, que visa à distribuição da riqueza, é insuficiente. Temos que apostar nos nossos mecanismos de luta, na greve, na mobilização permanente para restabelecer a democracia e um projeto político para o país. O que está posto agora é destruidor, perverso, e não se importa com o ser humano. A luta pela saúde é a luta por um Brasil, de fato, melhor”, ressaltou.

A programação do Fórum segue durante a tarde. 

Rosane Alves
Do Seeb Brasília


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