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25 de Novembro de 2022 às 07:59

Consciência Negra, 21 dias de ativismo e o papel dos sindicatos

A confluência nefasta do racismo com a violência de gênero. Estudo realizado este ano revela que, de cada 10 mulheres vítimas de feminicídio no Brasil, 6 eram negras, o que corresponde a 62%


Elis Regina Camelo Silva

Neste domingo 20 de novembro foi o Dia Nacional da Consciência Negra. Data que também marca o início dos 21 dias de ativismo contra a violência de gênero. Essa é uma importante adaptação do calendário internacional, pois dá visibilidade à interseccionalidade de raça, gênero e classe social, no que diz respeito às questões de violência.

Violência contra mulher: negras são as maiores vítimas

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022 demonstram um aumento generalizado de todos os indicadores de violência de gênero no país no último ano. Infelizmente, a violência permeia o cotidiano das mulheres brasileiras de todas as idades, nas mais diversas formas e dimensões, marcando em maior ou menor grau as suas experiências de vida.

O levantamento revela que de cada 10 mulheres vítimas de feminicídio no Brasil, 6 eram negras, o que corresponde a 62%. Enquanto 37,5% eram brancas e 1% eram mulheres amarelas e/ou indígenas.

Todos os dias a imprensa divulga matérias relatando essa triste realidade. As mulheres negras são as que mais denunciam agressões e, nas estatísticas, representam o maior número de homicídio e feminicídio. Fica evidente o fator predominante de raça nas questões de violência contra a mulher. Enquanto as mulheres negras forem vítimas, todas as outras mulheres estarão com seus direitos comprometidos. 

Uma luta dos sindicatos e de toda a sociedade

Essa desigualdade de raça e gênero e o aumento da violência de gênero precisam ser combatidos com políticas ativas e com mobilizações de toda a sociedade civil. Nós sindicalistas, homens e mulheres, precisamos todos estar envolvidos, junto às diversas instituições públicas, desenvolvendo ações na luta contra qualquer forma de opressão, para que possamos viver em uma sociedade mais justa e solidária.

Uma sociedade que tenha um olhar mais equânime, que de alguma forma vá tentando corrigir toda essa desigualdade estrutural e todo tipo de violência que ela acaba por ocasionar.

Garantir maior participação feminina no poder

O número de mulheres eleitas no pleito desse ano cresceu, a bancada feminina na Câmara dos Deputados será composta por 91 mulheres a partir do ano que vem.

Mas ainda somos minoria na política. Precisamos garantir maior participação feminina no poder.  Por isso, o envolvimento das entidades sindicais, seja no debate sobre a baixa representatividade das mulheres nos diversos espaços de poder, seja no estímulo às candidaturas de mulheres que sempre estiveram do lado do movimento negro e feminista, se faz tão importante.

Aumentar a nossa representatividade para garantir políticas que versam sobre pautas como assédio moral e sexual, saúde, aborto, maternidade, igualdade de gênero e combate à violência contra mulher, dentre outras pautas feministas, são de extrema importância.

Nesses 21 dias pelo fim da violência contra as mulheres a Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN) reforça suas ações afirmativas na luta contra qualquer forma de opressão.


 

Elis Regina Camelo Silva é secretária da Mulher da Fetec-CUT/CN


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