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27 de Agosto de 2021 às 18:17

28 de agosto, Dia do Bancário: símbolo de mais de um século de lutas e conquistas

Data marca os 70 anos da primeira grande greve nacional da categoria, que começou em 28 de agosto de 1951, durou 69 dias e conquistou 31% de reajuste


Os bancários são a única categoria de trabalhadores no Brasil que tem os mesmos salários e os mesmos direitos em todo o território nacional, sejam em bancos públicos ou privados. É o resultado de mais de um século de lutas e conquistas, asseguradas na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), assinada pela primeira vez em 1992 e renovada periodicamente desde então.

As lutas dos bancários começaram nos anos 1920, pelo direito de se organizar. Primeiro foram criadas associações e só década seguinte surgiram os primeiros sindicatos. Na primeira greve, em 1933, conquistaram a jornada de trabalho de seis horas (na maior parte do país a jornada era das 7h30 às 18h30) e o salário mínimo profissional.

Desde então todos os direitos da categoria foram conquistados com organização e muitas lutas. Entre eles, piso salarial, quadro de carreira, unificação nacional da data-base, 13º salário, fim do trabalho aos sábados, auxílio-creche, tíquete-refeição, PLR, cesta-alimentação e 13ª cesta, mecanismos de defesa da igualdade de oportunidades e de combate ao assédio moral e sexual, licença-maternidade de 180 dias, inclusão dos parceiros de mesmo sexo nos planos de saúde.

“Mas as lutas dos bancários não foram apenas por direitos salariais e corporativos. Nesse mais de um século sempre estivemos juntos com outras categorias na vanguarda das lutas gerais da classe trabalhadora e da sociedade brasileira pela democracia, por um Brasil justo, mais igualitário e soberano”, ressalta Cleiton dos Santos, presidente da Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN).

“Infelizmente, vivemos hoje uma conjuntura extremamente adversa para a categoria, para os trabalhadores em geral, para a democracia e para o Brasil. As rápidas transformações tecnológicas ameaçam nossos empregos, as políticas patronais e do governo Bolsonaro retiram direitos e destroem os programas sociais, a saúde, a educação, a democracia, a cultura, as empresas públicas e a soberania nacional. Nesse século de lutas já derrubamos outros governos autoritários. Estaremos sempre na trincheira por nossos direitos e por um Brasil melhor”, convoca Cleiton.

Veja vídeo de Cleiton saudando o Dia do Bancário.

Como foi criado o Dia do Bancário

O 28 de agosto foi escolhido Dia do Bancário em homenagem à greve heroica de 1951, que começou exatamente nessa data e durou 69 dias.

Os índices oficiais do governo na época apontavam um aumento de 15,4% no custo de vida. Os bancários refizeram os cálculos e o próprio governo teve que rever seus índices, que saltou para 30,7%. Depois de 69 dias de paralisação, os bancários conquistaram 31% de reajuste. Foi a maior greve da história da categoria.

Nos anos 50, os bancários já estavam minimamente organizados nacionalmente e fizeram, em julho, uma Convenção Nacional no Distrito Federal (na época Município do Rio de Janeiro), em que definiram a reivindicação de reajuste de 40%. Os banqueiros ofereceram 20% de aumento, o que foi rejeitado por várias assembleias da categoria.

Vendo o movimento enfraquecer, os bancários de São Paulo decidiram ignorar a lei e deflagraram a paralisação no dia 28 de agosto. Nos primeiros dias, governo e banqueiros ameaçaram enquadrar os bancários na Lei de Segurança Nacional, mas nada fizeram. Assim, trabalhadores de outras capitais foram aderindo à paralisação.

A greve acabou sendo fortemente reprimida em todo o Brasil e tanto os banqueiros quanto o governo ajuizaram o dissídio, já que os bancários se recusavam a seguir a Lei de Greve. Com promessas de não perseguição e não demissão, porém sem garantias, os trabalhadores dos bancos pelo Brasil foram aceitando a proposta de 20%. Porém, as promessas não foram cumpridas e ocorreram diversas demissões.

Em 5 de novembro, a Justiça decretou o fim da paralisação com um reajuste de 31%. 

Fundação da CUT

O dia 28 de agosto também deve ser comemorado como dia de luta por ser o dia de fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), durante o 1º Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), em 1983. Ainda durante a ditadura militar. A CUT é hoje a maior central sindical do país, à qual a Fetec-CUT/CN é filiada.


Fonte: Fetec-CUT/CN


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