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27 de Agosto de 2021 às 07:33

14ª Conferência Regional da Fetec-CUT/CN aprova propostas e homologa delegados para a Conferência Nacional

Representantes dos bancários do Norte e Centro-Oeste debatem os desafios dos trabalhadores do ramo financeiro e o Brasil que queremos


A 14ª Conferência Regional da Federação dos Bancários do Centro-Norte  (Fetec-CUT/CN) debateu nesta terça-feira 24 à noite, de forma virtual, a situação preocupante do emprego e das conquistas da categoria com as inovações tecnológicas e com as graves ameaças que pairam sobre o país com a clara estratégia do governo Bolsonaro de destruição da democracia, dos direitos dos trabalhadores, dos bancos públicos, da soberania nacional, dos programas sociais e das políticas de preservação do meio ambiente, da educação, da saúde, da cultura, das minorias e dos direitos humanos. Ao final, o encontro referendou os delegados e delegadas e as propostas aprovadas nas assembleias e encontros das bases sindicais, que serão levadas à Conferência Nacional da categoria, nos dias 3 e 4 de setembro, com o objetivo de enfrentar esses enormes desafios da categoria, da classe trabalhadora e da sociedade brasileira.

“Cumprimos o objetivo e fizemos um debate muito importante para o futuro da categoria do país neste momento grave da nossa história. Estou feliz de estarmos aqui construindo juntos nossas propostas para a Conferência Nacional. Mas desejo que muito em breve possamos fazer nossos debates de forma presencial. E que todos nós continuemos a nos cuidar”, recomendou o presidente da Fetec-CUT/CN, Cleiton dos Santos.

Participaram como palestrantes para analisar a conjuntura nacional e da categoria bancária o secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Gustavo Tabatinga, e a economista do Dieese Nádia de Souza, além do consultor de saúde do trabalhador Alberto Júnior.

Emoção na homenagem às vítimas da Covid-19

A abertura da 14ª Conferência Regional foi de muita emoção, com uma homenagem aos que perderam a vida atingidos pela Covid-19, com destaque para o presidente do Sindicato de Rondônia, José Pinheiro. Também foram saudados os bancários que resistiram à doença e estão de volta à luta, como a agora presidenta do Seeb RO, Ivone Colombo, e o presente do Sintraf Amapá, Adauto André Martins.

Além deles, fizeram saudações na abertura da Conferência os presidentes dos sindicatos de Brasília (Kleytton Morais), do Pará (Tatiana Cibele Oliveira), Dourados (Carlos Longo), Amapá (Samuel Bastos Macedo), Médio Araguaia (Sebastião Soares). Como seus presidentes estiverem impossibilitados de participar por casos de doenças na família ou estarem viajando em ação sindical e se encontravam em local sem acesso a internet, os sindicatos de Mato Grosso, Campo Grande e Acre foram representados na abertura respectivamente por Arílson Silva, Orlando de Almeida Filho e Élter Nóbrega.

 

O Brasil destruído e o Brasil que queremos

Também a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, enviou por vídeo uma saudação aos delegados e delegadas da Conferência Regional, no qual traçou um quadro sombrio da conjuntura nacional com as políticas do governo Bolsonaro, que além de provocarem quase 600 mil mortes pela falta de ação, aumentaram o desemprego, devolveram 20 milhões de brasileiros à fome, aumentaram a concentração da riqueza e deflagraram múltiplos ataques aos direitos dos trabalhadores, aos bancos públicos, à soberania nacional e à democracia.

“Na Conferência Nacional temos que refletir sobre essa destruição e apontar as mudanças para o Brasil que queremos”, convocou Juvandia.

A devastadora conjuntura nacional apontada pela presidenta da Contraf-CUT foi dissecada em números na apresentação da economista do Dieese Nádia de Souza, no painel Situação da economia no Brasil na pandemia e o que fazer no pós-pandemia. O desmanche dos programas sociais e os efeitos das reformas trabalhistas provocaram taxa de desemprego de 14,6% (números de maio de 2021), segundo a Pnad, o que representa 14,8 milhões de trabalhadores sem trabalho.

A taxa de subutilização da população economicamente ativa chegou no mesmo mês a 29,3%, ou 27,9 milhões de trabalhadores.

A pandemia aprofundou a desigualdade social produzida por essas políticas, aumentando o número de pessoas em situação de extrema pobreza, segundo dados do CadÚnico. Entre o início de 2019 e o início de 2021 quase 1,2 milhão de brasileiros ingressaram na extrema pobreza, o que corresponde a um aumento de 9,0%.

Segundo o Ipea, como mostrou a economista do Dieese, a inflação tem atingido com mais intensidade as famílias de rendas baixas, para as quais os itens básicos de consumo têm maior peso no orçamento, a exemplo da alimentação. “No acumulado de 12 meses até junho de 2021, a alta de preços para as famílias com renda muito baixa foi de 9,24%, para as com renda baixa foi de 9,04% e para aquelas com renda alta foi de 6,45%”, mostrou a economista Nádia Souza.

A inflação medida pelo INPC/IBGE entre agosto de 2020 e agosto de 2021 – o período da data-base dos bancários – deve ficar em 9,85%, a mais alta desde 2016.

Se os trabalhadores e as populações mais pobres vêm perdendo emprego e poder de compra, os ricos estão ficando cada vez mais ricos, aumentando a concentração de renda no Brasil. O número de bilionários brasileiros aumentou durante a pandemia. Segundo a revista Forbes, 22 brasileiros entraram ou retornaram à lista de pessoas com pelo menos 1 bilhão de dólares em patrimônio, em 2021. No total, são 65 brasileiros na lista.

O lucro dos cinco maiores bancos do país somou R$ 54,7 bilhões no primeiro semestre de 2021, alta média de 61,4% em 12 meses.

“Por isso o movimento sindical defende na reforma tributária um desenho de tributação mais justo, o que deve passar, sobretudo, pela taxação de grandes fortunas e patrimônios e redução da carga tributária para os mais pobres e para pequenas empresas empregadoras”, concluiu Nádia de Souza.

Sistema financeiro em rápida mutação

O secretário-geral da Contraf-CUT, Gustavo Tabatinga, foi o palestrante do painel que discutiu O Sistema Financeiro que queremos para o futuro do país, qual o futuro do emprego bancário frente às novas formas de contratação e o desafio de organização dos trabalhadores do ramo financeiro.

Para Gustavo, a confluência das inovações tecnológicas com o sistema financeiro é uma tendência já de muitas décadas e se acelerou com a pandemia, provocando profundas transformações nos negócios das instituições financeiras, no consumo dos clientes e nas relações de trabalho. Ele citou, entre outros, a rápida evolução do uso do pix e o crescente avanço no mercado financeiro das fintechs e do Open Banking.

“O futuro é preocupante e traz ameaças evidentes aos empregos dos trabalhadores. Precisamos apressar a discussão sobre nossa organização dentro dessa nova realidade, tendo como horizonte a representação de todos os trabalhadores do ramo financeiro”, propôs o secretário-geral da Contraf-CUT.

Na busca do diálogo com esses trabalhadores, Gustavo destacou a importância da comunicação e a urgência de o movimento sindical traçar estratégias de atuação nas redes sociais. “Só tem um jeito de furarmos a  bolha em que estamos presos: utilizar os nossos aplicativos e nossas redes para se comunicar e engajar os bancários”, defendeu.

 

Fonte: Fetec-CUT-CN


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