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4 de Março de 2021 às 14:00

“Podemos estar regredindo em importância no mundo”, diz Pochmann sobre Brasil cair para 12ª economia do mundo


Revista Fórum
Lucas Rocha

O economista Marcio Pochmann, professor da Unicamp e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de 2007 a 2012, nos governos de Lula e Dilma, criticou o desempenho econômico que fez o Brasil sair da lista das 10 maiores economias do mundo e chegar à 12ª posição em ranking da Austin Rating, divulgado na quarta-feira (3).

“Podemos dizer que estamos contabilizando o 8ºano em que a economia brasileira não consegue apresentar aumento da produção considerada a sua população. O que significa dizer que nesse início de 2021 o Brasil está quase 8% menor do que havia sido em 2014, por exemplo. Portanto, o Brasil começa a fazer parte do pelotão dos países de pior desempenho econômico”, disse Pochmann à Fórum.

O economista aponta que ao longo do século passado, o Brasil esteve entre as economias de maior dinamismo econômico. “A cada 7 anos o Brasil conseguia dobrar a atividade produtiva, crescer os empregos e, ao mesmo tempo, criar oportunidades para mais brasileiros. A partir da segunda metade da década passada, o Brasil entrou em uma etapa desconhecida, uma fase de regressão econômica”, avaliou.

Para o professor da Unicamp, a explicação para esta queda vem das opções que os governos vem fazendo desde o golpe de 2016. “A opção por um receituário neoliberal, que vê o estado como a razão de todos os problemas brasileiros e com isso a destruição do estado, vem impossibilitando o Brasil a voltar a crescer”, disse. “É fundamental reverter essa opção governamental porque, do contrário, tenderemos a seguir essa trajetória iniciada há algum tempo atrás, a trajetória da regressão”, completou.

Essa regressão continuará em 2021, como apontam a própria projeção da Austin Rating, que derruba o país para 14ª economia ao fim do ano. Para Pochmann, isso tem impacto direto na importância geopolítica do país e nos próprios investimentos externos do país. podendo estimular a fuga de multinacionais, como já vem ocorrendo.

“Possivelmente, em 2021 a economia brasileira não registrará crescimento significativo de acordo com, pelo menos, a população e podemos estar justamente regredindo em termos de importância no mundo, como já apontam as projeções quando se compara o Brasil em relação aos demais países. Isso significa também considerar que não apenas o capital estrangeiro foge do Brasil, como também grandes empresas estrangeiras que vieram há algum tempo apostando na prosperidade brasileira e que agora, sem um horizonte de futuro satisfatório, podem buscar em outros países o que não aqui não encontram”, analisou.

“É hora de pensar refletir o que o Brasil tem alternativa mas para isso precisa de uma outra maioria política”, finalizou.


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